Desde que foi constatado o primeiro foco da mosca da carambola em Roraima, em 2010, o Estado está impedido de exportar frutas que podem ser hospedeiras da praga para outros Estados. Um Termo de Cooperação Técnica, firmado na semana passada pela Agência de Defesa Agropecuária de Roraima (Aderr) com superintendências federais de agricultura de quatro estados, busca alterar essa condição que tem causado prejuízos econômicos aos produtores.
Enquanto aguarda a liberação de nova instrução normativa pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a Agência reforçou a fiscalização nas áreas de focos da praga, com quatro postos nas regiões de Três Corações, em Amajari (Norte do Estado), em Bonfim, na fronteira com a Guiana (Leste), Passarão, zona rural de Boa Vista, e Jundiá, no município de Rorianópolis (Sul) para impedir a passagem de frutas hospedeiras.
Segundo a agrônoma Patrícia Lira, da Aderr, todos os postos deverão funcionar em horário integral. “Por enquanto, apenas a barreira do Jundiá está funcionando 24 horas. As outras funcionam das 06h às 18h. Estamos aguardando o policiamento para cada barreira para que comecemos a funcionar ininterruptamente”, disse.
Conforme ela, a Agência proíbe o trânsito de frutas hospedeiras das áreas de foco para áreas de não foco. “São mais de 30 frutas proibidas, como o tomate, acerola, carambola, manga e caju. Nós fiscalizamos todos os veículos que passam na barreira para que vejamos se estão levando esses produtos, e se tiverem levando-os, nós fazemos a apreensão”, explicou.
A agrônoma informou que a Aderr busca a possibilidade de liberar os produtos por meio de um certificado fitossanitário. “Estamos fazendo de tudo para controlar as áreas de foco porque o planejamento é ter a possibilidade de liberar esses produtos. Para isso, precisamos obter os critérios de instrução normativa, que ainda não foram liberados pelo Mapa”, contou.
O documento poderá permitir que as unidades de produção das frutas comercializem os produtos para o Amazonas em grande escala. “Essa instrução vai dizer o que podemos fazer para tornar o Estado uma área livre da praga, quais são as áreas que podemos tornar livres, que são de Boa Vista em diante, que foram as áreas que não deram foco”, destacou.
Ela explicou que o órgão pretende direcionar um curso de certificação fitossanitária para a praga. “É um curso que vai aprovar engenheiros agrônomos, que vão poder ser contratados pelos donos das propriedades e fazer o acompanhamento para certificar se aquela área está livre da praga. Se estiver, vão conceder o certificado fitossanitário, que vai acompanhar a carga pela barreira, onde será inspecionada e liberada para exportação”, complementou.
De acordo com a agrônoma, a impossibilidade de exportação prejudica a cadeia produtiva da fruticultura. “O Estado está travado há seis anos por conta dessa praga. Precisamos de uma nova instrução com os critérios que devem ser seguidos pela Aderr para fiscalizarmos os responsáveis técnicos que serão habilitados e, dessa forma, liberar esses produtos por meio do certificado”, disse.
Atualmente, 126 unidades de produção de frutas são monitoradas pela Aderr, todas na zona rural de Boa Vista. O monitoramento é feito semanalmente por técnicos da Aderr e é encaminhado um relatório para a Superintendência de Agricultura em Roraima mensalmente. Fizemos levantamento em Bonfim e pretendemos iniciar o monitoramento por lá, em três unidades de produção em grande escala, e esperamos começar o monitoramento a partir da semana que vem”, frisou. (L.G.C)