Após o caso de raiva humana em Roraima, que vitimou um adolescente de 14 anos, outra doença que pode ser transmitida por animais, a toxoplasmose, foi diagnosticada em uma criança de 8 anos. A doença infecciosa é adquirida por meio de um parasita encontrado geralmente nas fezes de gatos e secundariamente pombos.
A criança infectada com a doença começou a sentir alguns sintomas da doença ainda no início do mês, mas os médicos da Capital não identificaram o problema. O menino, que é filho de um casal de advogados, teve que ser submetido a uma bateria de exames, em Brasília, onde os médicos o diagnosticaram com toxoplasmose febril aguda.
Segundo o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), apenas 20 casos da doença foram registrados em 2015, sendo 15 em Boa Vista; dois, no Município de Amajari, Norte do Estado; e três nos municípios de Cantá (Centro-Leste), Iracema (Centro-Sul) e em São Luiz do Anauá (Sul). Este ano apenas quatro casos foram notificados, todos em Boa Vista.
A Folha ouviu o médico especialista em infectologia do Hospital Geral de Roraima (HGR), Samir Xaud, para saber sobre os riscos e as formas de prevenção da doença. “A toxoplasmose é uma doença causada por um parasita que é encontrado no solo e em alimentos contaminados por fezes de felinos”, explicou.
Segundo ele, quando é diagnosticada em pacientes sem baixa imunidade, os sintomas da doença são silenciosos. “É uma doença que nos pacientes que não têm nenhuma doença de baixa imunidade, de 80% a 90% dos casos ela é assintomática. Então, falamos que é uma doença benigna, que quando entra em contato com nosso sistema imunológico, por ele mesmo já tem o controle da infecção”, disse.
Os maiores riscos, de acordo com o especialista, estão nos pacientes de baixa imunidade, que são mais suscetíveis à doença. “O problema está nos pacientes imunodeprimidos, principalmente pessoas com HIV, que já fizeram transplantes e que têm doenças de baixa imunidade, estão mais suscetíveis a essa infecção. Os grupos de risco são os pacientes imunodeprimidos e as gestantes”, frisou.
O médico fez um alerta quanto aos riscos de contaminação em escolas, locais onde é comum a presença de pombos. “O risco é mínimo, mas existe. Essas crianças podem contrair a doença de forma assintomática, a não ser que tenham baixa imunidade. Fazer o controle higiênico nessas unidades é fundamental”, declarou.
O infectologista recomendou que a população evite a ingestão de alimentos crus e tome cuidados ao ter contato com as fezes de animais. “É importante não ingerir carne crua, sempre lavar e cozinhar bem os alimentos e ingeri-los bem passados, assim como lavar bem as mãos ao ter contato com as fezes de gatos. São medidas higiênicas que ajudam a evitar a doença”, aconselhou.
Conforme Xaud, apesar de ter tratamento e cura, a doença pode levar à morte. “É uma doença perigosa e pode levar à morte nos casos de pacientes imunodeprimidos, que normalmente acomete o pulmão e o cérebro. Tem tratamento e cura. O tratamento é feito com medicação que é disponibilizada nos postos de saúde por meio do Ministério da Saúde”, frisou.
Sesau diz que casos são devidamente tratados
Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) esclareceu que, considerando o princípio de descentralização do Sistema Único de Saúde (SUS), as ações de prevenção são uma responsabilidade dos municípios, cabendo ao Estado o monitoramento e apoio técnico às atividades.
“No caso da toxoplasmose congênita, a prevenção deve ocorrer durante o pré-natal, que é realizado na Rede Básica de Saúde (postos de saúde). Já a prevenção à toxoplasmose adquirida está amplamente relacionada a hábitos da população”, informou.
No que cabe à atribuição do Estado, embora as pessoas com suspeita da doença devessem procurar inicialmente os postos de saúde, a Sesau informou que todos os casos que chegam às portas de urgência e emergência são notificados e devidamente tratados. O diagnóstico laboratorial é feito pelo Laboratório Central de Saúde Pública de Roraima (Lacen).
Governo e Prefeitura afirmam que fazem limpeza de escolas para evitar contaminação
Também por meio de nota, a Divisão de Estrutura Física da Secretaria Estadual de Educação e Desporto (Seed) informou que todas as escolas que passam por serviços de manutenção recebem limpeza nos forros e a instalação de telas no telhado a fim de evitar a presença de pombos.
Já a Secretaria Municipal de Educação e Cultura informou que dispõe de cronograma para realização de serviços de limpeza e conservação, bem como de desratização, descupinização e dedetização realizados semestralmente em todas as escolas da rede municipal de ensino, em casos de urgência os serviços podem sofrer antecipação.
“Salientamos que é feito, junto à equipe gestora e comunidade escolar um trabalho visando sensibilizar todos os envolvidos quanto à conscientização em manter o ambiente saudável”, destacou. (L.G.C)