Desde que iniciou o trabalho de transportar turistas em seu barco para conhecer as belezas naturais ao longo do Rio Branco, em 1996, o barqueiro Nilton Santos, conhecido como “Toquinha da Luz”, vem recolhendo toneladas de lixo jogadas nas margens do rio por banhistas, ribeirinhos e pescadores.
Todos os dias, ele recolhe do próprio barco, que fica ancorado próximo à estação da Companhia de Águas e Esgotos de Roraima (Caer), dezenas de garrafas pet, papéis, plásticos, entre outros objetos despejados nas margens do rio. O trabalho voluntário é repetido durante os passeios turísticos, aos fins de semana.
“Quando vejo lixo eu recolho. Quando subo o rio vejo muitas garrafas pet e pegamos voadeiras para buscar. Procuramos não trabalhar muito com descartável só por conta disso, para que as pessoas evitem jogar garrafas no rio. Recolhemos todas as que encontramos e jogamos no local certo”, afirmou.
O barqueiro realiza o trabalho social como forma de conscientizar os turistas sobre a importância de preservar o rio. “Eu faço isso para evitar que o Rio Branco fique igual o Rio Cauamé, que está morto. Era um local bem procurado, eu fazia passeio por lá até o ano 2000, mas deixei de fazer por conta do lixo”, disse.
Ao longo de 20 anos percorrendo o rio, Toquinha estima já ter recolhido mais de uma tonelada de lixo. “Não tenho noção, mas acho que já retirei mais de uma tonelada de lixo durante esses 20 anos. Muitos turistas também fazem esse trabalho, quando encontram recolhem. A maioria vem de outros estados, eles veem e acham um absurdo essa situação”, relatou.
Por conta da poluição, ele revelou que o igarapé Água Boa, de cima, na região do Bom Intento, deixou de fazer parte da rota turística. “Assim como o Rio Cauamé, aquele igarapé acabou. Invadiram a beirada do igarapé e, para minha surpresa, quando fui lá esse ano, encontramos muito lixo. Os turistas que foram ficaram surpresos, além do desmatamento na margem, invadiram tudo. Foi vergonhoso”, lamentou.
O barqueiro atribui a destruição do meio ambiente à falta de conscientização da população. “As pessoas vão, fazem seu lazer e deixam os lixos no rio. Tem que recolher o lixo, não dá para deixar sujeira. As próprias pessoas que sobrevivem da praia pegam o lixo e escondem pelo mato e quando chega o inverno esses lixos aparecem no rio”, afirmou.
Segundo ele, as gerações futuras sofrerão o impacto dessa destruição se nada for feito. “Queria pedir que as pessoas que andam pelo rio que tenham mais consciência e não joguem lixo. Cuidem porque não vai servir apenas para nós, vai servir para nossos netos e bisnetos. As pessoas que virem lixo, que recolham, podem até deixar aqui em cima do nosso barco que a gente recolhe e manda para o carro do lixo”, frisou. (L.G.C)