Polícia

Familiares aguardam há dez anos por solução de homicídio

Denunciantes afirmam que pequeno número de delegados prejudica andamento das investigações

Famílias que aguardam esclarecimentos da justiça quanto aos homicídios de parentes, em algumas ocasiões desde 2006, procuraram a Folha para cobrar a resolução dos casos. Nos últimos meses, as reclamações foram intensificadas após a saída de um delegado da DGH (Delegacia Geral de Homicídios), o que resultou no acúmulo de inquéritos na delegacia. Os denunciantes preferiram não se identificar para que não cause mal-estar entre eles e a Polícia. A DGH afirmou em nota que os casos continuam sendo investigados sem interrupções.

A família de um jovem assassinado ano passado procurou a Folha para informar que até hoje não obteve nenhuma resposta relacionada ao caso, como prisão preventiva de suspeitos e o motivo do crime. “O questionamento é: Porque somente duas delegadas para Boa Vista toda? Sem contar que tinha um delegado e o governo tirou, foi removido para outro município. Ao invés de aumentar, a equipe fez foi diminuir. Isso é um problema social! É segurança pública! É a única esperança que centenas de famílias têm, mesmo que o familiar não volte, precisamos da verdade”, destacou.

Outra família de vítima de homicídio revelou que desde 2006 aguarda a resolução de um processo e que os inquéritos estão acumulados por falta de investigação. “Faz dez anos e até hoje ninguém foi preso. Falta tudo na Polícia Civil, e como se não bastasse, o pouco contingente é desmembrado. Se não tem servidor, que façam outro concurso. O que as famílias não podem é ficar sofrendo ao longo dos anos. Não vou culpar nenhuma das delegadas. A responsabilidade é do Estado, que precisa dar condições ao funcionário público de desempenhar suas atividades”, relatou.

OUTRO LADO – A Polícia Civil, por meio da Delegacia Geral de Homicídios (DGH), informou em nota que atualmente há 405 investigações em trâmite, que apuram crimes ocorridos desde 2006.

“É importante ressaltar que todas as investigações estão em andamento, não havendo qualquer procedimento parado. As investigações avançam, umas mais lentas e outras mais velozmente, isso dependendo das diligências que são possíveis serem cumpridas”, declarou a polícia.

A nota também destaca que “a DGH sempre recebe familiares das vítimas, deixando-os a par das investigações, sempre justificando, quando é o caso, o motivo da demora na conclusão dos casos. Realmente há casos em que se esgota o cumprimento das diligências e ainda assim não se chega à autoria dos crimes, haja vista a ausência de testemunhas e inconclusões de laudos periciais”, explicou.

A Polícia Civil informou que, apesar das limitações, apresenta um excelente resultado na conclusão das investigações, estando à frente da maior parte das delegacias que apuram homicídios no País. “No ano passado a delegacia atingiu o percentual de mais de 80% dos casos apurados e espera melhorar este percentual em 2016, não obstante a redução da equipe. Nem mesmo nos países mais desenvolvidos chega-se ao percentual de 100% de apuração dos crimes”, comentou.

Quanto à cobrança para realização de concurso público, a fim de sanar as deficiências ocasionadas pelo baixo número de servidores, não houve resposta. (J.B)