Mais de 50 famílias invadiram, ontem pela manhã, uma área institucional na ocupação Pedra Pintada, na região do Monte Cristo, zona rural de Boa Vista. A área seria destinada para a construção de creche, posto de saúde, escola e praça. Assessores do Instituto de Terras de Roraima (Iteraima) e policiais civis da Delegacia Agrária estiveram no local, mas não conseguiram convencer os invasores de desocuparem a área.
Invasores confirmaram à Folha que a área é institucional, mas avisaram que só sairiam do local quando outras 28 famílias também fossem retiradas de outra área institucional. “Invadimos aqui para pressionar o Iteraima a nos dar um lote, pois essas outras famílias também invadiram há seis meses e permanecem lá só porque o irmão de uma autoridade pública intermediou a negociação. Só vamos sair daqui se também ganharmos um lote, ou se retirarem todo mundo”, avisou Raimundo Aragão, de 48 anos, que falava pelos invasores.
O advogado do Instituto de Terras de Roraima (Iteraima), Cícero Alexandrino, disse à Folha que a equipe do órgão estava no local para conversar com os invasores e tentar uma saída pacífica. Caso contrário, a Polícia Militar poderia ser acionada para fazer a desocupação, o que não aconteceu ontem. Ele explicou que as 28 famílias estão assentadas de forma provisória na área institucional e estão devidamente cadastradas. Segundo ele, os ocupantes fizeram um acordo com o Iteraima e comprometeram-se a deixar o local após o vencimento de um termo.
O problema seria esse, segundo os invasores, pois o termo venceu este mês, mas não foi renovado, o que motivou outras famílias a também invadirem a área pública. “É por isso que a gente só sai daqui quando eles saírem, ou quando também nos assentarem”, reafirmou Raimundo Aragão.
Assessores do Iteraima informaram que um novo termo poderá ser assinado e publicado em Diário Oficial ainda este mês. Contudo, fizeram ressalvas e informaram que a distribuição de lotes não depende apenas do Iteraima. Uma comissão dos invasores ficou de ir hoje pela manhã ao instituto para negociar, mas eles adiantaram que só desocupam a invasão em duas condições: se todos saírem ou se eles também ganharem lotes.
“Eles sabem que estão errados ao invadirem área institucional. Amanhã [hoje, dia 7] estaremos aguardando essas pessoas no Instituto para negociarmos uma saída pacífica, o que queremos”, frisou o advogado do órgão fundiário.
A presidente da Associação dos Moradores da Ocupação Pedra Pintada, Nilmara Suely, 38 anos, lamentou a invasão. Lembrou que todos perdem com isso. “É uma área destinada para a construção de creches, postos de saúde, escolas e praças. Todos do bairro necessitarão desses serviços. Portanto, esperamos que esses invasores desocupem a área institucional”. (AJ)