Os números assustam. Roraima está em segundo lugar no ranking brasileiro de morte por suicídio, atrás apenas do Rio Grande do Sul. O perfil das vítimas, na maioria dos casos, trata-se de jovens de 15 a 30 anos do sexo masculino. A depressão é apontada como a principal doença que induz a vítima a tirar a própria vida.
O professor doutor Linoberg Almeida, que é sociólogo, explicou que existem elementos de desagregamento social para o suicídio. Ele observa que o problema não é meramente individual, psicológico, sociológico, mas multidisciplinar em um quadro de instabilidades emocionais da coletividade.
“Imagine uma coluna e suas cartilagens gastas. A sociedade tem estruturas capazes de unir pessoas. Quando esses laços se perdem, as doenças sociais ganham forma. E uma delas, o suicídio, que tem a cara de ação individual, mas é resultado de problemas coletivos de uma comunidade”, explicou.
O sociólogo disse que é preciso desmistificar, falar sobre o assunto e prestar atenção aos sinais de comportamento. O que pode levar ao suicídio está relacionado a um conjunto de fatores, como: uma sociedade sem perspectivas, baixa coesão social, excessos de coerção, desemprego e desmonte familiar. “As pessoas buscam respostas, tratamento, mas o silêncio e o tabu impedem respostas de uma sociedade”.
O suicídio atinge em especial o público masculino jovem, mas, conforme o sociólogo, outras faixas etárias e gêneros também são acometidos pela doença, entre eles os grupos formados por minorias. “Mas não podemos esquecer que todos e todas da sociedade podem ser, se não tratarmos do assunto como problema de saúde pública”.
Roraima em 2º lugar no ranking nacional, conforme o sociólogo, se deve à cidade dividida, famílias em desmonte, baixa capacidade de geração de emprego e renda, individualismo exacerbado, especificidades das culturas indígenas e a pouca capacidade de integração de dois mundos, além da violência e do conservadorismo.
“Temos um campo de ação e de muito trabalho para programaticamente propor estratégias de prevenção e cura da nossa comunidade. Somos vítimas dos nossos silêncios, de nossos comportamentos, de nossos erros que ninguém se dispõe a corrigir”, alertou.
NÚMEROS – O Brasil é o oitavo país em número de suicídios. Em 2012, foram registradas 11.821 mortes, sendo 9.198 homens e 2.623 mulheres. Entre 2000 e 2012, houve um aumento de 10,4% na quantidade de mortes. O país com mais mortes é a Índia (258 mil óbitos), seguido de China (120,7 mil), Estados Unidos (43 mil), Rússia (31 mil), Japão (29 mil), Coréia do Sul (17 mil) e Paquistão (13 mil).
O levantamento feito pela Organização Mundial de Saúde (OMS) diz ainda que a cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio, e apenas 28 países do mundo possuem planos estratégicos de prevenção. (AJ)