Pela terceira vez apenas este mês, policiais militares apreenderam um menino de 13 anos. Ele estava ontem à tarde andando com uma motocicleta que havia furtado no domingo passado, 26, do estacionamento do bloco Açaí do Residencial Vila Jardim, no bairro Cidade Satélite, zona Oeste.
Segundo os PMs, apesar da idade, o garoto já é bastante conhecido da polícia. Não seria a primeira vez, segundo os policiais, que ele teria furtado motocicleta no residencial. “Apesar de novinho, já dá um trabalhão para a gente”, disse um policial militar.
A mãe do menino, uma agricultora que não quis se identificar, compareceu ontem à tarde, ao Plantão Central, no 5º Distrito de Polícia, zona Sul. Quando os policiais abriram o camburão, a mãe começou a chorar e chamar a atenção do filho. “Está vendo só. Eu te aviso para estudar, mas você prefere esta vida. Só tem dois caminhos: cadeia e cemitério. Agora, bonito pra tua cara. Está aí mais uma vez preso. É isso que tu queres da vida?”, questionava a mãe, aos prantos.
O menino apenas respondeu que a mãe teria lhe abandonado para ficar com o padrasto. “A senhora me largou na rua pra ficar com ele. A senhora me abandonou”, respondeu o filho, também em prantos.
Questionada pela Folha, a mãe confirmou. Disse que entre o filho e o marido, prefere ficar com o marido, porque o filho não teria mais jeito. “Ele já usa droga, furta e vive na rua aprontando. O que é que eu posso fazer se ele escolheu essa vida?”, questionou a mãe.
A motocicleta apreendida com o menino, uma Bis, será restituída à dona. A delegada Eliane Gonçalves adiantou que o menino assinaria um Boletim de Ocorrência Circunstanciado (BOC) e depois seria entregue à mãe. O caso seria encaminhado ao Juizado da Infância e Juventude.
A mãe contou que mora no interior do Estado e que entregou o filho para uma amiga criar. O menino atualmente mora no Residencial Nova Esperança, no bairro Equatorial, zona Oeste, e não está estudando. A mãe disse que não vai nem atrás de tratamento para o filho, já viciado em crack, porque, segundo ela, “não adiantaria”.
“Já estou cansada deste menino. Vive me dando trabalho, não quer estudar, é usuário de droga e vive furtando. Já disse para ele que só tem dois caminhos: cadeia ou cemitério”, repetiu. Sentando no chão da delegacia, o menino apenas olhava para a mãe e chorava. (AJ)