Política

Deputados alertam para perigo de Neudo Campos ser assassinado

Áudio gravado por preso que alerta para uma possível rebelião motivou a discussão sobre a transferência de Neudo para a Penitenciária

A transferência do ex-governador Neudo Campos para a Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc), na terça-feira, 28, foi tema do pronunciamento do deputado Izaias Maia (PTdoB) durante a sessão desta quinta-feira, 30, na Assembleia Legislativa de Roraima. O parlamentar acredita que a permanência de Campos na Pamc pode ser motivo de rebelião entre os detentos e, portanto, um risco contra a vida do ex-governador.

Ainda segundo Maia, foram divulgados áudios com ameaças de motim por parte dos presos. Para ele, a Pamc não é adequada para um condenado no estado de saúde em que Neudo se encontra. “Se você deve à Justiça, deve pagar. Mas isso não quer dizer que você vá ficar em um local onde a qualquer momento você pode ser assassinado. Estou falando isso não como político, mas como ser humano”, justificou.

Em aparte, o líder do governo na Assembleia, deputado Brito Bezerra (PP), concordou com Maia e acrescentou que solicitou à Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e das Minorias da Casa o acompanhamento da situação de Neudo. Ele também disse que a transferência do ex-governador para a Pamc foi baseada em um laudo médico desatualizado e agravou o estado de saúde do ex-governador, que foi novamente internado na quarta-feira, 29.

“No momento em que levaram o Neudo do hospital para a Penitenciária, a pressão arterial dele estava alterada. Ele podia sofrer um infarto ou um problema de saúde mais grave. E ainda faltava peça jurídica que ensejasse essa transferência imediata. Os médicos disseram que ele não podia ser levado, que o quadro clínico era gravíssimo”, disse Bezerra, acrescentando que Neudo chegou ao hospital desacordado.

O deputado e presidente da Comissão de Direito Humanos, Joaquim Ruiz (PTN), explicou que, acompanhado os membros da Comissão, esteve com Campos na Pamc e pôde constatar o estado de saúde preocupante do ex-governador. Segundo Ruiz, durante a conversa, Neudo “perdia a noção e não sabia o que estava falando”. “O quadro clínico de saúde dele é gravíssimo e a responsabilidade é da Justiça sobre qualquer coisa que venha a acontecer. Ele é um homem com 70 anos de idade. Não se pede regalia”, frisou.

A deputada Aurelina Medeiros (PTN) se juntou ao pronunciamento e disse que se trata de uma “questão de humanidade” e que a Justiça deve proteger. “O que vem acontecendo com o Neudo nunca se viu. Até a Lava Jato libera seus presos à prisão domiciliar pela idade. É falta de bom senso”, disse a deputada.

O deputado Gabriel Picanço (PRB) se colocou à disposição para acompanhar o trabalho da Comissão. Ele lembrou que Neudo é um líder político muito querido pela população roraimense e merece respeito. “Prova disso é a eleição da governadora Suely”, disse.

O debate continuou com o vice-presidente da Assembleia, deputado Coronel Chagas (PRTB), que foi diretor do sistema prisional e chamou a atenção para o fato de Campos ser marido da governadora Suely Campos (PP) e, na possibilidade de uma rebelião dentro do presídio, o ex-governador seria alvo e usado como refém para servir de “moeda de troca”.

Ele salientou ainda que não cabe à Justiça definir o local onde o preso ficará dentro da Penitenciária, e sim à direção do local que deve buscar pelo lugar mais seguro. “É evidente que no momento de uma rebelião que venha se instalar pelo motivo que seja, quem será o alvo preferencial para ser mantido refém? É claro que será o senhor Neudo, para servir de moeda de troca para se conseguir regalias. E no momento que temos notícias de facções dentro do presídio, como o PCC [Primeiro Comando da Capital] e a Família Norte. Tem que ter muito cuidado com isso”, alertou Chagas dizendo que a decisão que condenou Neudo ainda está pendente de recursos.