Cotidiano

Detentos se rebelam e destroem Penitenciária de Monte Cristo

Diversos setores do presídio sofreram ataques dos presos, que depois atearam fogo em tudo, destruindo cozinha, celas, carceragem e alojamentos dos agentes

Os detentos da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc) iniciaram uma rebelião por volta das 21h de domingo, 26. Os presos destruíram e atearam fogo em diversos compartimentos do presídio, incluindo a cozinha, carceragem, celas e o alojamento dos agentes penitenciários. Para controlar o tumulto foram acionadas as polícias Militar, Rodoviária Federal e o Batalhão de Operações Especiais (Bope).
Durante o confronto, seis detentos ficaram feridos e um deles levou um tiro de bala de borracha no olho direito. A rebelião foi controlada somente no início da manhã desta segunda-feira, 27. Durante a contagem, a Polícia Militar registrou a fuga de dois detentos. Os nomes ainda não foram revelados. A rebelião ocorreu quatro dias depois de policiais descobrirem um túnel de 36 metros que os presos estavam construindo.
Conforme um agente penitenciário que preferiu não se identificar, os detentos começaram o motim ateando fogo nas alas 14 e 15 e, em seguida, na carceragem, cozinha e no alojamento dos agentes penitenciários. “Eles saquearam a cozinha, levaram tudo o que podiam e ainda tentaram fazer agentes de refém. Depois desta rebelião, praticamente toda a estrutura do presídio ficou comprometida”, afirmou.
Os seis detentos feridos foram levados por ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para o Hospital Geral de Roraima (HGR).
Familiares de detentos acampam perto do presídio para acompanhar
Na noite deste domingo, familiares de detentos foram para frente da Pamc para cobrar informações sobre o que ocorria naquela unidade prisional. Algumas famílias chegaram ao local por volta das 22h e permaneceram por toda a manhã de segunda-feira. Alguns relatam terem ouvido tiros e gritos de socorro.
Uma senhora que preferiu não se identificar relatou que recebeu ligações de dentro do presídio informando que os detentos estavam sem água e sem comida desde o início da rebelião. Ela informou que cerca de 400 presos estavam aglomerados na ala 14 e outros em um galpão. “Queremos mais informações sobre o que está acontecendo. Sei que eles cometeram crimes, mas eles também são seres humanos”, disse.
Um familiar de outro detento, que também preferiu não se identificar, relatou que os policiais estavam utilizando armas letais. “Todos os presos estão reunidos em uma ala, com fome, sede e medo de levarem um tiro. Estamos preocupadas, pois são nossos filhos e maridos que estão lá dentro”, frisou.
Para evitar que familiares causassem tumulto em frente à unidade prisional, o policiamento foi reforçado com os homens do Bope, Cavalaria, Canil, Giro, Força Tática e Ronda no Bairro. “Nós estávamos em frente ao presídio, mas os policiais disseram que estávamos causando tumulto então resolvemos acampar em uma propriedade na lateral do presídio”, disse a mãe de um detento.