Cotidiano

Moradores contestam a realização de obras da ciclovia em avenida

Segundo empresária, não houve a apresentação do projeto da obra aos moradores

Uma das mais importantes vias de acesso da capital, a avenida Brigadeiro Eduardo Gomes, deverá em breve ganhar a sua ciclovia. Ela faz parte do Plano de Mobilidade Urbana, que contempla diversas obras pela cidade, no montante valor de R$ 68 milhões. Entre as obras estão a construção de pontes, abrigos de ônibus, melhorias no trânsito, entre outras.

Apesar de sua grandiosidade, muitos moradores questionam a forma como foram realizados os estudos de viabilidade do projeto, já que o mesmo propõe a interdição de alguns trechos da avenida.

Moradora do bairro dos Estados, na zona Norte, a empresária Sunara Patrícia, 37 anos, vê com grande preocupação as modificações propostas pelo plano. Dona de um salão de beleza, ela teme que a obra lhe dê mais prejuízos do que benefícios.

“Sou moradora do bairro há 37 anos e só nesse ponto comercial tenho 20 anos. Eu me preocupo bastante, pois além de mim, outras pessoas também dependem desse salão. A maioria dos donos de estabelecimentos comerciais da avenida também está apreensiva, tanto que muitos já procuraram advogados pra tratar dessa questão”, contou a moradora.

Conforme a empresária, tanto empresários quanto moradores da avenida questionam a construção da ciclovia no local, uma vez que a Administração Municipal não realizou sequer uma consulta técnica sobre a viabilidade da obra, nem mesmo a apresentação do projeto.

“No dia que vieram fazer as marcações, eu repassei esse questionamento para o engenheiro responsável pela obra sobre isso. Se é para o bem estar da população, nós somos favoráveis, mas há um ponto muito negativo que nos prejudicam. Além do fato de estarmos no período chuvoso, onde há o acúmulo de água com facilidade, ainda temos a crise financeira. Se os clientes não conseguirem vir até nós, o que vai acontece?”, frisou.

Outro morador que reclama da construção é Raimundo Coelho. Ele conta que desde que os trabalhos foram iniciados, precisa sempre estar limpando a garagem de casa. Ele acredita que o mais prudente seria construir a ciclovia no meio fio da avenida.

“Se essa ciclovia fosse construída no meio-fio, como foi feito na avenida Ville Roy, ficaria muito melhor e não prejudicaria ninguém. Agora, da forma como estão fazendo, eu duvido muito terminarem a tempo”, comentou.

 

O OUTRO LADO

À FolhaWeb, a Prefeitura de Boa Vista reforçou em nota que as obras de Mobilidade Urbana têm como principal objetivo a inclusão e a harmonia de todos na utilização de vias e de espaços públicos para deslocamento ou mesmo prática de alguma atividade esportiva.

De acordo com Prefeitura, os traçados planejados para as obras de mobilidade foram estudados cuidadosamente, ressaltando ainda que em outros lugares onde a ciclovia está passando também existem pontos comerciais, e o estudo de áreas alternativas para estacionamento, por exemplo, foram feitas em conjunto, como foi o caso das obras realizadas na avenida Ville Roy, Glaycon de Paiva e demais avenidas por onde passam as obras.

Ainda segundo a nota, a Secretaria Municipal de Segurança Urbana e Trânsito (Smou) observou que o estacionamento em cima de calçadas não é permitido pela Lei de Trânsito independente de obras como a ciclovia. O espaço que é destinado a pedestres deve ficar livre e as construções e mobiliários de identificação das empresas devem estar alinhados de acordo com o Código de Postura do Município.

Por fim, a Smou destaca que realiza um trabalho em parceria com o programa Braços Abertos, que faz o acompanhamento de todas as ações do Mobilidade Urbana, entrando em contato com empresários e moradores para explicar a ação e evidenciar o ganho inclusivo que Boa Vista terá. Reiterou ainda que não houve prejuízo ao número de vagas de estacionamento.

“A Prefeitura de Boa Vista ressalta que entende como normal algumas reclamações e que isso faz parte da transformação de Boa Vista numa cidade mais moderna e voltada para todos”, concluiu.