Ladrões arrombaram e saquearam por duas vezes, na madrugada e na tarde de ontem, dia 18, a unidade de saúde municipal Sayonara Dantas, na rua Raimundo Rodrigues Coelho, antiga N-17, no bairro Senador Hélio Campos, zona Oeste. O primeiro ataque ocorreu a 1h30 da manhã. Os bandidos entraram pelo telhado, retiraram parte do forro e carregaram uma TV de 42 polegadas. O segundo arrombamento ocorreu 12h depois.
“Então, a gente chegou para trabalhar de manhã e viu que o posto tinha sido arrombado. Uma servidora foi até a delegacia e prestou ocorrência. Os policiais vieram e bateram foto de tudo. Então, quando deu meio dia, a gente foi para casa almoçar. E quando retornamos, às 13h30, os bandidos haviam voltado e ainda estavam dentro do posto, carregando o resto das coisas”, relatou uma servidora municipal, que preferiu não se identificar.
A servidora lembrou também que, ao avistar os bandidos, saiu gritando e pedindo ajuda no meio da rua, em vão. Os três bandidos, segundo ela, saíram pelos fundos da unidade, carregando mais coisas. O posto não tem vigia. “Então, esperei minhas colegas de trabalho e entramos meia hora depois. Olha só como deixaram”, apontou a servidora, mostrando à equipe da Folha o que os ladrões haviam feito.
Portas e janelas foram quebradas. Peças de computadores ficaram espalhadas pelos corredores. Levaram lâmpadas e aparelhos de medir pressão e estetoscópio, segundo funcionárias de uma empresa terceirizada, que presta serviço de limpeza na unidade de saúde. Até a sala da farmácia foi arrombada. Os medicamentos também sumiram. Preservativos masculinos e femininos se espalhavam pelo chão.
Na segunda vez, os bandidos entraram por um corredor que fica entre os dois blocos. Eles subiram pelos blocos de concreto, arrombaram uma janela de ferro, quebraram o forro e entraram. Deixaram no corredor duas facas. A televisão e os computadores saíram pela janela de trás do posto, tomado pelo mato.
A Folha constatou também que dezenas de pombos apodreciam na área externa da unidade de saúde. O odor de fezes das aves também era forte. Servidores relataram que vai fazer três meses que o posto não presta atendimento porque, segundo eles, os bandidos furtaram primeiro a fiação elétrica, mas até ontem a prefeitura de Boa Vista não havia providenciado uma nova instalação.
A área onde a unidade de saúde fica localizada é considerada “vermelha” pela Polícia, ou seja, cercada de pontos de venda de drogas. Na esquina do posto, segundo os servidores, funciona uma ‘boca de fumo’. “A gente acredita que devem ter sido esses ‘noiados’. Eles já estavam rondando o posto há tempos”, observou uma funcionária.
A unidade de saúde atendia, em média, 50 pacientes por dia, segundo os servidores. Havia médico, assistente social, dentistas e várias equipes da Saúde da Família. “Agora o povo vem aqui atrás de atendimento, mas informamos que o posto ainda continua sem energia. Então, orientamos os pacientes a procurarem o posto mais próximo”, lamentou a servidora. (A.J)
Prefeitura diz que posto volta a funcionar na próxima semana
A Prefeitura de Boa Vista esclareceu, por meio de nota, que a Unidade Sayonara Dantas foi fechada para manutenção, com o objetivo principal de oferecer melhor atendimento à população. Até o final da próxima semana, a unidade já estará funcionando normalmente.
A unidade possui sistema de monitoramento por câmera, por isso não há um vigia. No entanto, durante a manutenção, um ato de vandalismo prejudicou o poste que distribuía eletricidade à unidade. A Prefeitura já está providenciando o religamento da energia e a substituição da parte elétrica danificada.
A Prefeitura lamentou a invasão na unidade e informou que já está tomando as medidas necessárias para responsabilizar os envolvidos.
A empresa terceirizada contratada para fazer a limpeza da unidade cumpre todos os requisitos trabalhistas, incluindo a insalubridade. Com relação à limpeza do terreno, este mês já foi realizada uma capina em todo o local, além de duas limpezas no forro. Com relação aos pombos, a Prefeitura informa que notificará os órgãos responsáveis para verificar a questão.
