Cotidiano

Assentados reagem e prendem homens que ameaçavam derrubar ocupações

Moradores do Assentamento Rural Novo Planalto, localizado na região do Água Boa, próximo a BR-174 sul, prenderam dois homens na noite de terça que haviam ido ao local para derrubar as casas dos assentados. Conforme informações dos ocupantes da área, os dois indivíduos e mais outros dois que conseguiram fugir chegaram ao local apresentando um documento falso no qual alegava ser de propriedade do ex-procurador do Instituto de Terras de Roraima (Iteraima), Luiz Waldemar Brecht.
Segundo a presidente da Associação dos Moradores do Assentamento Rural Novo Planalto, Silvanete Nascimento, essa seria a segunda vez neste mês que o ex-procurador tentaria retirar os moradores do assentamento. No local residem 80 famílias oriundas da Raposa Serra do Sol. Silvani disse que eles utilizaram o nome do Iteraima para coagir as pessoas do lugar. “Desta vez, um homem por nome de Max afirmou que estava agindo a mando do instituto. Fomos verificar junto ao Iteraima as informações que continha no documento apresentado e lá informaram que desconheciam a legalidade do papel”, explicou.
A primeira investida contra as casas dos assentados ocorreu no dia 12 desse mês, conforme a presidente da entidade. Na terça-feira passada, os homens tentaram novamente, mas não conseguiram porque os moradores se juntaram e apreenderam o trator que seria utilizado pelos quatro homens para pôr abaixo as casas que haviam restado de pé.
Os assentados acionaram a polícia, que chegou ao local na manhã de ontem e levou os acusados que estavam presos pelos moradores na sede da associação. Os indivíduos foram encaminhados para a delegacia da Polícia Civil na Cidade Santa Cecília, no Município de Cantá, onde foi feito um Termo Circunstanciado. Eles foram liberados após prestarem esclarecimentos. Os responderão a um processo judicial em liberdade.
O presidente do Iteraima, Haroldo Amoras, explicou que  Waldemar Brecht estaria agindo ilegalmente e que, em momento algum, nenhuma equipe do Iteraima foi autorizada para fazer retirada de moradores daquelas terras. Informou ainda que o local são terras públicas e que, portanto, ninguém pode reivindicar propriedade.
OUTRO LADO – A Folha tentou localizar Waldemar Brecht para saber sua posição sobre as denúncias contra ele, mas não conseguiu encontrá-lo. (T.C)