Cotidiano

Aderr descarta possibilidade de entrada de doença aviária em RR

Aves estariam infectadas em granja, porém exportação de animais é inviável por conta de crise econômica no país vizinho

Dados do portal especializado em avicultura, o site AviSite, revelam que foram registrados casos de morte súbita de aves provocadas por uma doença ainda não identificada na Guiana. O material infeccioso foi coletado dos animais pelas autoridades sanitárias do país e encaminhado para a Universidade de Geórgia, nos Estados Unidos, para um diagnóstico mais preciso.

Sobre o caso, o diretor do Departamento de Pecuária do Ministério da Agricultura da Guiana, Dwight Walrond, revelou que as amostras foram colhidas numa granja de frangos de grande porte e que os sinais observados indicavam a ocorrência de pelo menos duas diferentes incidências sanitárias que poderiam envolver de quatro a seis doenças, mas que ainda não se sabia quantos animais tinham sido infectados.

Apesar dos dados serem considerados preocupantes, os órgãos de controle e fiscalização de Roraima adiantaram que estão trabalhando para impedir uma possível infestação da doença nos animais brasileiros, principalmente em razão de uma das fronteiras do País com a Guiana estar localizada no município de Bonfim.

A Superintendência Federal de Agricultura (SFA/RR), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), responsável efetivamente pela fiscalização das fronteiras informou que ainda não recebeu um comunicado oficial tanto do Mapa, em Brasília, nem de nenhuma das autoridades da Guiana, na fronteira, sobre o problema, mas que os “trabalhos continuam seguindo as normas sanitárias estabelecidas pela legislação brasileira para a entrada de produtos de origem animal e vegetal no Brasil”.

A SFA/RR disse ainda que, caso o Ministério da Agricultura venha a estabelecer alguma restrição ou alertas sanitários, a população será devidamente informada.

ADERR – A Agência de Defesa Agropecuária do Estado de Roraima (Aderr) também possui postos de fiscalização nas fronteiras e afirmou que não houve entrada de aves de origem da Guiana pela barreira no Bonfim. “Afirmo que não entrou nenhum frango porque o teríamos apreendido”, revelou o médico veterinário da Aderr, Sílvio Botelho.

Ele confirmou que realmente houve divulgação na imprensa da Guiana sobre a doença, mas reforçou que o problema estaria ocorrendo em uma divisão interna, na área produtiva do país vizinho, e que não via risco algum da entrada de animais doentes no Brasil.

O motivo, segundo Botelho, seria a crise econômica que assola o país e o histórico de criação de frangos na Guiana, que é voltado somente para atendimento da demanda interna. “Não vejo risco algum de entrarem animais doentes no Brasil, até porque a Guiana não consegue produzir o suficiente nem para o seu próprio sustento, imagina enviar para o Brasil! A gente nunca apreendeu frango naquela barreira (de Bonfim). Eu pessoalmente nunca vi frango da Guiana em Roraima”, assegurou. “Tradicionalmente, o grande exportador de frango é o Brasil. Este caminho inverso eu acho muito improvável que esteja acontecendo”, acrescentou.

Outra questão que também influencia no consumo de frangos da Guiana no país é o custo. “O frango deles é muito mais caro do que o nosso”, disse.

Por conta dessas razões, o veterinário acredita que, embora seja compreensível que a sociedade fique temerosa por conta de surtos de doenças em um local tão próximo ao Brasil, a população pode ficar tranquila. “Por causa dessa confusão, houve esse medo. Toda vez que tem surto de doença em um país vizinho, o país ao lado fica sempre em alerta. Mas a população pode ficar tranquila que nós estamos em alerta fiscalizando as nossas fronteiras”, finalizou. (P.C)