Cotidiano

Governo do Estado não investe no sistema prisional há 3 anos, diz juíza

Juíza da Vara de Execução Penal afirma que se obras tivessem sido realizadas pelo governo, Roraima não teria déficit nas prisões

Superlotação, estrutura física precária, baixo efetivo de policiais e agentes penitenciários, constantes tentativas de fuga em massa e rebeliões que depredam a estrutura do presídio. Esta é a realidade da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc), na zona rural de Boa Vista. Para a juíza da Vara de Execução Penal, Graciete Sotto Mayor, a conclusão das obras da Cadeia Pública de Rorainópolis, no Sul do Estado, e dos anexos da Cadeia Pública de Boa Vista e da Pamc, em Boa Vista, aumentariam a capacidade das unidades, tornando Roraima o primeiro Estado do País sem déficit de vagas.
Para ela, a ação é fundamental para que a ordem seja mantida, mas ressaltou que a situação chegou a este ponto devido à falta de investimentos por parte do poder Executivo no sistema prisional. “Há mais de três anos não é feito um investimento de grandes proporções nas unidades prisionais do Estado. A estrutura vem se deteriorando com o passar dos anos e necessita de uma reforma urgente”, frisou.
Graciete frisou que, se houvesse investimentos para a conclusão da Cadeia Pública de Rorainópolis e dos anexos da Cadeia Pública de Boa Vista e da Pamc, o Estado de Roraima estaria  sem déficit de vagas no sistema prisional. “Com a finalização destas obras, resolveríamos o problema da superlotação”, frisou.
A magistrada destacou que grande parte da população carcerária do Estado é composta por jovens entre 18 e 30 anos. Ela frisou que o investimento em programas sociais voltados para este público auxiliaria na redução da superlotação dos presídios. “Esse tipo de ação manteria o jovem afastado do mundo do crime”, destacou.
REBELIÃO – No dia 26, os detentos da Pamc iniciaram uma rebelião que foi controlada somente no início da manhã seguinte. Para manter a ordem na unidade prisional, a Polícia Militar contou com o auxílio da Guarda Municipal, Polícia Rodoviária Federal (PRF), Polícia Civil e do Batalhão de Operações Especiais (Bope). A ação dos detentos deixou diversos compartimentos destruídos, incluindo as alas 14 e 15 e o alojamento dos agentes penitenciários, o que levou a categoria a deflagrar greve por melhores condições de trabalho na segunda-feira.
Em coletiva à imprensa na terça-feira, o secretário de Justiça e Cidadania, Natanael Nascimento, e o secretário de Segurança Pública, Amadeu Soares, anunciaram que o Governo do Estado solicitou do Ministério da Justiça a presença da Força Nacional de Segurança na Pamc. A tropa permanecerá em Boa Vista até a total reparação dos danos causados pela ação dos detentos daquela unidade.