Nesta terça-feira, 26, será realizada uma reunião entre os criadores de cavalo do Estado e órgãos governamentais, para discutir o combate à Anemia Infecciosa Equina (AIE) em Roraima, que tem prejudicado muitos produtores da área. O evento será na Agência de Defesa Agropecuária de Roraima (Aderr), localizada na rua Coronel Mota, no Centro.
Participam da reunião representantes dos criadores de equinos, da Comissão de Controle da Anemia Infecciosa Equina, da Aderr, do Conselho de Veterinária, da Associação dos Vaqueiros de Roraima (AVR), da Embrapa, da Secretaria Federal de Agricultura (SFA), entre outros órgãos.
O coordenador da reunião, Renato Lopes, disse que já existe uma lei estadual de amparo aos produtores no combate à Anemia Infecciosa Equina. “O nosso objetivo é fazer com que a lei estadual vigente funcione. Até o momento, a Aderr não exerceu a sua função e não nos ajudou nesse sentido. Então queremos que a instituição seja nossa parceira para que juntos possamos erradicar a doença e conseguir melhorias para todos”, afirmou.
Segundo Lopes, a reunião também é importante para saber o que será feito com os animais doentes. “É difícil decidir o que fazer com os animais positivos para a anemia. A regulamentação dá duas opções ao criador: isolar ou sacrificar, mas dificilmente alguém vai isolá-lo, até porque não é viável economicamente. Então, a partir dessa reunião, saberemos, por exemplo, como será feito o sacrifício desses animais”, frisou o coordenador.
Ele disse ainda que esta é uma ação que visa proteger os animais e os proprietários. “A gente não quer prejudicar aquelas pessoas que possuem uma grande quantidade de cavalos. Existem fazendas antigas com cerca de 300 animais, em que a metade já está doente. Por isso, a reunião é uma maneira de tentar ajudar os produtores e ver qual o melhor procedimento para que não gere um gasto muito grande”, destacou.
Lopes finalizou pedindo ajuda da Agência de Defesa para erradicar a doença do Estado. “Alguns animais quando participam de eventos, exposições ou provas equestres, podem estar contaminados pela doença e os outros podem acabar contraindo, o que faz com que ele perca o seu valor. Inclusive, há produtores vendendo animais mestiços por um preço muito barato por conta da anemia. Por isso, pedimos ajuda da Aderr para não sofrermos mais com esse problema”, disse.
O diretor-presidente da Aderr, Vicente Barreto, disse que o programa de combate à anemia já existe no Estado e que a instituição faz o acompanhamento da doença através do exame de anemia. “Todo animal positivo para a doença é marcado e identificado. A gente está se reunindo hoje, 26, com a Comissão de Controle da Anemia para ouvir os produtores e estabelecer algumas diretrizes, como por exemplo: saber se vamos dividir o Estado em uma área endêmica e uma área livre, em que a gente possa trabalhar com a erradicação”, destacou.
De acordo com Vicente Barreto, o programa é emblemático porque requer sacrifício de animais. “A doença não tem cura ou vacina. Lidar com essa questão é a maior dificuldade que temos para implantar o programa em Roraima. Por isso, iremos discutir como resolver esse problema, inclusive, levando em consideração questões do bem-estar animal”, concluiu Barreto.
DOENÇA – A Anemia Infecciosa Equina (AIE) é uma afecção cosmopolita dos equídeos, causada por um RNA vírus do gênero Lentivirus, da família Retrovírus. O vírus, uma vez instalado no organismo do animal, nele permanece por toda a vida mesmo quando não manifestar sintomas. É uma doença essencialmente crônica, embora possa se apresentar em fases hiperaguda, aguda e subaguda.
A transmissão ocorre através de picada de mutucas e das moscas dos estábulos; materiais contaminados com sangue infectado como agulhas, instrumentos cirúrgicos, groza dentária, sonda esofágica, aparadores de cascos, arreios, esporas e outros materiais, além da placenta, colostro e acasalamento. Não há tratamento efetivo ou vacina para a doença. O animal infectado se torna portador permanente da doença, sendo fonte de infecção. (B.B)