Cotidiano

Dez famílias estão em área de risco e recusam-se a deixar local

População que mora nos bairros Caetano Filho, Calungá e Cauamé corre risco de ter contato com doenças contagiosas

Em razão da cheia de nível do Rio Branco, a Defesa Civil Municipal está realizando um trabalho de prevenção e fiscalização das famílias que foram afetadas pela enchente. Até o momento, algumas famílias já foram realocadas e uma casa foi interditada. No entanto, cerca de dez famílias ainda estão em área de risco e recusam-se a sair do local, informou a Defesa Civil.

De acordo com o diretor do órgão, Amarildo Gomes, a resistência da população é a maior dificuldade no exercício do trabalho da unidade no momento. “Existem situações em que as pessoas têm que ser retiradas, mas as famílias se recusam a sair do local. As pessoas se recusam e resistem até o último momento”, afirmou.

Segundo Gomes, com essa atitude, a população fica à mercê do contágio de doenças, principalmente em relação às crianças, que ficam em contato com a água do rio sem o acompanhamento e supervisão dos pais, além de correrem perigo por conta do possível comprometimento das estruturas das casas, que podem sofrer desabamento.

“As pessoas que insistem em permanecer nas suas casas ficam à mercê de doenças com a cheia do rio. É perigoso para as crianças. Como é uma enchente, a enxurrada leva as fezes de animais e lixo que ficam nas beiras dos rios e que podem trazer doenças contagiosas para essas famílias”, reforçou Amarildo. “A equipe da Defesa Civil chega em algumas situações e vemos crianças brincando dentro da água, junto ao lixo. A população precisa saber que é inevitável com a enxurrada. O que tiver na borda do rio, vai ser levado junto. Elas não sabem o perigo que estão correndo em ficar em contato com essa água”, acrescentou o diretor.

Para as famílias que não querem sair do local, o diretor reforçou que a Prefeitura Municipal de Boa Vista (PMBV) disponibiliza áreas para abrigar aqueles que não têm outro lugar para ir. “Para os desabrigados, aqueles que não têm outro local para ir, temos ginásios esperando eles”, informou. No outro caso, para aos desalojados, ou seja, o grupo de pessoas que pode se abrigar em outro local, como na casa de parentes ou amigos, a recomendação é que as famílias saiam da área o mais rápido possível.

FISCALIZAÇÃO – Amarildo Gomes também salientou que o trabalho da Defesa Civil permanecerá até o Rio Branco começar a baixar e que, por enquanto, 26 homens da unidade estarão fazendo vistoria, 24 horas por dia, em locais de risco. “Todos os dias uma equipe da Defesa Civil inicia a vistoria no Rio Branco e nos pontos mais críticos, como as margens do igarapé Caxangá, no bairro Calungá. E para quem mora às margens do Cauamé, também”, revelou. “Conversamos e orientamos as pessoas e verificamos o nível do rio, isso tudo sempre fazendo o acompanhamento junto à Agência Nacional de Águas (ANA)”, acrescentou.

De acordo com o diretor, atualmente o nível do Rio Branco, registrado pela Agência Nacional de Águas, é de 6,80 m, o que já é considerado um índice preocupante. “Neste momento, já estamos com 6,80 m, o que já representa uma zona de emergência. Ao alcançar os 7 m, já seria uma escala de perigo”, reforçou.

Conforme o diretor da Defesa Civil municipal, a cheia do Rio Branco subiu mais em razão da quantidade de chuvas registradas nas cabeceiras e também por conta do acúmulo de água no Rio Negro do que por causa das chuvas no Estado, mas que, enquanto esse aumento estiver ocorrendo, a população pode contar com o apoio da unidade. “Para entrar em contato com a Defesa Civil basta ligar para o número 156, a Central de Emergência da Prefeitura. Enquanto a população precisar de nós, estaremos dispostos a contribuir”, garantiu. (P.C)