Se os setores de serviço e varejista andam no “vermelho”, as vendas no atacado em distribuidoras e supermercados estão em alta em Boa Vista, alavancadas pelos venezuelanos que cruzam a fronteira para comprar principalmente gêneros alimentícios. A corrida pela comida fez melhorar em 20% o movimento, segundo comerciantes.
A Folha visitou, no final da manhã de ontem, alguns estabelecimentos comerciais que vendem no atacado, ou seja, em grande quantidade. O movimento era grande em um hipermercado localizado na zona Oeste da cidade. Venezuelanos também faziam compras.
A Reportagem conversou com um gerente, que preferiu não se identificar porque não estava autorizado. Mas ele confirmou as boas vendas e atribuiu o aquecimento do setor aos venezuelanos. “O país vizinho está em crise. Então quem tem dinheiro está comprando aqui, em Boa Vista. Para eles o preço é caro, mas compram porque não há alternativa. Alguns pagam até em dólar”, disse o gerente.
Os principais produtos comprados pelos venezuelanos são do gênero alimentício: feijão, arroz, macarrão, leite, frango, óleo, entre outros. Segundo o gerente, eles se juntam para comprar no atacado, o que faz com que fique mais barato. “E depois dividem entre as famílias”, observou.
Para suprir a demanda, o gerente informou que o hipermercado está sempre abastecendo o estoque para evitar faltar aos boa-vistenses. Ele garantiu que não houve reajuste nos preços, só no do feijão, porque a safra nacional este ano não foi suficiente para atender à demanda.
A crise econômica na Venezuela provoca uma corrida por comida aos países vizinhos. O movimento também é grande no comércio de Pacaraima, município a mais de 200 quilômetros da Capital pela BR-174, ao Norte de Roraima. Lá, os venezuelanos fazem filas. Lojistas lucram em dobro. (AJ)