A população boa-vistense está sofrendo com a infestação de mosquitos e carapanãs em todas as regiões da Capital. A proliferação do Aedes aegypti, transmissor da dengue, chikungunya e zika, é uma das maiores preocupações dos moradores. Segundo eles, a ausência dos carros Ultra Baixo Volume (UBV), conhecidos como carro-fumacê, nas ruas tem contribuído para o agravo do problema.
De acordo com Sérgio Lucas, morador do bairro Canaã, na zona Oeste, os carros-fumacê não passam pela região há muito tempo. “Nós gostaríamos de saber por onde andam os carros-fumacê. Nunca mais vi esses veículos passando pelas ruas, e o pior é que todos os bairros da cidade estão empestados de mosquitos. Aqui no Canaã não é diferente. Dia e noite nós temos que lidar com essa situação. Os mosquitos não dão sossego”, afirmou.
No bairro 31 de março, zona Norte da Capital, a situação é a mesma. “Após fazerem limpeza de dois terrenos baldios e a retirada de diversos entulhos que existiam há anos aqui pelo bairro, os mosquitos tomaram conta das residências e a infestação de carapanãs foi intensa”, relatou o morador Henrique Gonçalves Amorim.
Segundo o morador, a população necessita dos veículos destinados ao combate e à prevenção da dengue. “Procurei informações sobre onde solicitar uma equipe do carro-fumacê para auxiliar na ação de limpeza porque geralmente os mosquitos ficam nestes locais que têm muito mato e entulhos. Informaram que eu deveria solicitar junto à Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), no entanto, liguei para a instituição e mesmo assim nunca mandaram um veículo para realizar este serviço no bairro”, comentou.
Amorim fez um apelo para que as autoridades deem suporte à sociedade. “Tenho notado que há meses os carros-fumacê não circulam por nenhum bairro de Boa Vista. O período chuvoso faz a situação ficar ainda pior, por isso nós necessitamos deste apoio”, concluiu.
PREFEITURA – Em nota, a Prefeitura de Boa Vista informou que, em relação aos carros-fumacê, a questão deve ser verificada junto ao Governo de Roraima. “O carro-fumacê é de responsabilidade do Estado, mas cumpre um cronograma definido pela Prefeitura. O veículo pulveriza inseticida para eliminar o mosquito e bloquear epidemias, no entanto, não deve ser usado de forma preventiva. A melhor forma de combater os mosquitos é eliminar os criadouros e evitar a reprodução e proliferação”, alegou.
Conforme a administração municipal, desde o último resultado do Levantamento Rápido de Índice de Infestação de Aedes aegypti (LIRAa), o órgão já finalizou o cronograma de atividades para os bairros com maior índice de infestação. “A Prefeitura realiza constantemente ações de combate à proliferação de mosquitos e também do Aedes aegypti, causador da dengue, zika e febre Chikungunya. A nossa equipe tem feito aplicação de larvicida e dado orientações à população sobre a forma correta de acondicionar o lixo em todos os bairros da Capital, com o intuito de eliminar os depósitos de criadouros”, diz a nota.
GOVERNO – O Governo do Estado, em nota, informou que os carros Ultra Baixo Volume (UBV), conhecidos como carros-fumacê, são disponibilizados pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) conforme a solicitação dos municípios. “Deste modo, para que o veículo seja enviado, é necessário que os municípios os solicitem de acordo com a necessidade de combater o mosquito nas áreas onde há maior índice de infestação”, afirmou o Governo de Roraima. (B.B)
69 casos de Zika foram confirmados no Estado
Chegou a 69 o número de casos confirmados de Zika Vírus em Roraima. A doença é transmitida pelo Aedes aegypti, mesmo transmissor da dengue e chikungunya. Os dados são do último informe Epidemiológico da Secretaria Estadual de Saúde.
De acordo com os dados da Sesau, a Capital é onde há mais casos, com 53. Em segundo lugar vem o município de Mucajaí, com 16 casos confirmados. Ainda há dez casos suspeitos aguardando confirmação. Segundo a Sesau, 80 casos foram descartados em todo o Estado.
Conforme Secretaria Municipal de Saúde, o resultado do Levantamento Rápido de Índice de Infestação de Aedes aegypti (LIRAa), realizado no período de 18 a 22 de julho de 2016, mostra que o Índice de Infestação Predial (IIP) na Capital foi de 11,8%, muito maior do que o índice apresentado em abril do mesmo ano, que foi de 0,6%.
O superintendente municipal de Vigilância em Saúde, Emerson Capistrano, disse que o aumento era esperado por conta do período chuvoso. “Historicamente, nesta época do ano, o índice sempre se mostra elevado. No ano passado, no mesmo período, o índice também alcançou mais de 10% de infestação”, informou.
Os bairros com maior incidência de infestação foram: 31 de março – 32,55%, Distrito Industrial – 29,1%, São Pedro – 28%, Asa Branca – 23,5%, Nova Canaã – 22,9%, Bairro dos Estados – 22,6%, Raiar do Sol – 20,9%, Aparecida – 20,1% e Buritis – 19%.
Em relação ao índice de criadouros, o levantamento aponta que 42,6% das larvas de Aedes aegypti se encontram em lixo, recipientes plásticos, garrafas, latas, sucatas em pátio, ferro velho, entulhos e outros. “Por isso precisamos avaliar os dados, organizar as frentes de trabalho e mobilizar a sociedade, principalmente nos bairros em que houve maior índice de infestação”, afirmou Capistrano.
O resultado preocupa as instituições governamentais, que pedem cuidados redobrados à população. “A participação de todos os cidadãos no combate ao Aedes aegypti é fundamental e uma luta conjunta, onde pequenas atitudes, como armazenar o lixo da maneira correta, não deixar água parada e contribuir com a limpeza da cidade, são atividades essenciais”, concluiu o superintendente municipal de Vigilância em Saúde.