Cotidiano

Setor da indústria segue estagnado em RR

Concessões de terras no Distrito estão travadas pelo Governo o que impossibilitou novas empresas

A suspensão de concessões de terras no Distrito Industrial, localizado na zona Sul de Boa Vista, que foi imposta pelo Governo do Estado no início de 2015, vem impossibilitando a abertura de novas empresas na área e estagnando o setor da indústria em Roraima, que representa apenas 0,1% do Produto Interno Bruto (PIB) industrial do País.

Segundo um levantamento de 2015 da Secretaria Estadual de Planejamento (Seplan), 163 empresas receberam lotes para ativação no Distrito Industrial antes desse período. Dessas, apenas 76 foram implantadas e estão funcionando; 36 foram desativadas; 16 estão em fase de implantação e outras 35 sequer iniciaram as atividades no local.

O Estado conta atualmente com 509 empresas industriais, de acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Conforme o último levantamento realizado pela CNI, o setor da construção civil representa 73,2% da indústria em Roraima, seguido pelos setores de serviços industriais, com 13,5%; alimentos, com 3,6%; e madeira, com 3,0%. Em 2015, o setor gerou 8.071 empregos formais no Estado.

A estagnação na abertura de novas empresas industriais no Distrito Industrial tem explicação. Segundo o secretário-executivo do Fundo de Desenvolvimento Industrial (FNI) da Seplan, André Cerri, o procedimento para a construção de áreas no local deveria atender os dispositivos legais da Lei 8.666/93, que estabelece normas gerais sobre licitações e contratos administrativos pertinentes a obras e serviços.

“A partir dessa orientação ficou deliberado que deveríamos atender a essa determinação e iniciamos um trabalho de adequação para que pudéssemos nos ajustar a esse procedimento licitatório, inclusive com avaliação de lotes do Distrito”, justificou.

Um dos empecilhos para a concessão de terras, conforme ele, foi a transferência da área, que pertencia à União, para o Estado. “Com o decreto de transferência das terras tivemos que fazer o georreferenciamento do Distrito, além de destacar essas áreas às áreas inalienáveis. Diante de toda essa situação, passamos o ano de 2015 e esse primeiro semestre de 2016 para poder lançar o edital de licitação de terras públicas no Distrito, que deverá ser anunciado este mês”, afirmou.

Matriz energética impede a instalação de grandes indústrias no Estado, diz economista

Além de questões burocráticas, outros fatores impedem o crescimento da indústria em Roraima. Um deles, e que também atinge outros setores, como o de comércio e serviços, é a instabilidade da matriz energética.

“Não temos indústrias de grande porte, pois temos questões que impedem a instalação de grandes indústrias, como a matriz energética. São mais empresas pequenas que estão buscando mercado. A questão é o Estado ter uma logística favorável para esses empresários”, avaliou o economista Dorcílio Erick.

De acordo com o economista, a construção civil é que mantém o setor da indústria estável. “Em determinado período pode ter havido uma evolução na oferta de obras no Estado, no próprio setor público com obras de infraestrutura, como creches, escolas, hospitais, é um dos fatores que podem ter gerado esse crescimento. Este ano houve uma diminuição dos repasses e investimentos no setor público e consequente diminuição de obras da construção civil, que deve sofrer impacto”, disse.

“Outro ponto são as pessoas procurando agregar valor à produção. Temos um modelo de produção primário no Estado baseado no agronegócio e essas pessoas estão industrializando o produto. Antes Roraima só produzia matéria-prima, agora estamos beneficiando essa matéria-prima no Estado”, complementou. (L.G.C)