Os pecuaristas de Roraima estão cobrando, do Governo Estadual, a reativação do laboratório de Anemia Infecciosa Equina (AIE), que perdeu credenciamento em 2010. Segundo eles, a realização dos exames em outros estados demanda um custo muito alto, o que afeta economicamente os pequenos e grandes criadores de cavalos da região.
José Lopes, pecuarista que trabalha há mais de 30 anos com a criação de cavalos em Roraima, disse que é muito dispendioso fazer o exame fora do Estado. “Nós precisamos enviar todo o material para o Maranhão, São Paulo ou outros estados brasileiros. Esse processo é muito caro, porque temos que pagar transporte, veterinário e outros serviços que encarecem a realização do exame”, afirmou.
Segundo ele, a despesa dos pecuaristas seria muito menor se um laboratório de anemia infecciosa equina funcionasse no Estado. “A despesa dos criadores cairia pela metade em relação ao que é gasto atualmente. Hoje, o valor para a realização do exame gira em torno de R$ 150, por animal. É um preço que pesa principalmente para os pequenos produtores. Sem contar que existem pecuaristas com mais de 600 animais e têm que pagar cerca de R$ 90 mil. O valor é tão alto que daria para montar um laboratório aqui”, comentou.
A Agência de Defesa Agropecuária de Roraima (Aderr) exige o exame de anemia infecciosa equina para todos os animais que são transportados para um evento ou até mesmo de uma fazenda para outra. “O animal só pode entrar no recinto de exposições ou participar de corridas, por exemplo, se o produtor tiver realizado o exame. Esse procedimento é importante e necessário. Por isso, considero obrigação do Governo retomar as atividades e fazer funcionar novamente o laboratório”, relatou Lopes.
De acordo com o pecuarista, o programa de erradicação da doença não tem força sem o amparo dos órgãos governamentais. “A gente reconhece a dificuldade financeira que o Estado está passando, assim como todos nós do setor produtivo e toda a população brasileira, já que existe uma crise econômica no País. Mas é hora de arregaçar as mangas e fazer o laboratório de anemia infecciosa equina funcionar”, concluiu.
OUTRO LADO – Em nota, a Agência de Defesa Agropecuária de Roraima informou que está trabalhando na reabertura do laboratório, que perdeu o credenciamento em 2010. “Estamos nos adequando a uma exigência do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) sobre o ISO 17025, que trata da certificação do Inmetro. Como parte das ações para obtenção dessa certificação, uma servidora da Aderr fará o treinamento fora do Estado. Além disso, é preciso reformar o prédio e comprar novos equipamentos, inclusive, já estamos fazendo o levantamento de custos”, afirmou.
Conforme a Aderr, o Estado controla a doença através da marcação e também o sacrifício dos animais, visando sanear os rebanhos das propriedades. “Trata-se de uma doença viral que não tem vacina, sendo muito difícil alcançar a erradicação. Por isso, hoje trabalhamos com o controle da doença, isolando ou sacrificando os animais reagentes. Quando algum foco da doença é identificado, a propriedade também é interditada”, explicou.
DOENÇA – A Anemia Infecciosa Equina (AIE) é uma afecção cosmopolita dos equídeos, causada por um RNA vírus do gênero Lentivirus, da família Retrovírus. Uma vez instalado no organismo do animal, o vírus permanece por toda a vida. É uma doença essencialmente crônica, embora possa se apresentar em fases hiperaguda, aguda e subaguda.
A transmissão ocorre através de picada de mutucas e das moscas dos estábulos; materiais contaminados com sangue infectado como agulhas, instrumentos cirúrgicos, groza dentária, sonda esofágica, aparadores de cascos, arreios, esporas e outros materiais, além da placenta, colostro e acasalamento. Não há tratamento efetivo ou vacina para a doença. O animal infectado se torna portador permanente da doença, sendo fonte de infecção. (B.B)