Na tarde de ontem, 5, familiares de detentos aguardavam nas proximidades da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc) uma resposta da Secretaria estadual de Justiça e Cidadania (Sejuc) referente às transferências de presos do sistema penitenciário de Roraima, sobretudo quanto ao número de presidiários e se são aqueles que, segundo a polícia, compõem facções criminosas. Para as famílias, o remanejamento é visto com bons olhos.
“Para a gente é um alívio porque os presos que foram separados e todo mundo diz que são do Comando Vermelho (CV) e do Primeiro Comando da Capital (PCC), mas eu digo que não, estão correndo risco. Faz quatro dias que a gente escuta tiro, bomba e reclamações dos presos”, declarou.
Enquanto a equipe de reportagem da Folha esteve na Penitenciária Agrícola, foi possível ouvir estouros que se assemelhavam aos de bomba e tiros. “Vocês ouviram só um pouco, a gente escuta todos os dias, desde que a confusão começou. Dentro dessa penitenciária tem 30 presos baleados e pelo menos 80 estão machucados de alguma forma e o governo nega, para dar a aparência de que tudo está às mil maravilhas. O discurso da Sejuc é muito bonito, mas não é a realidade”, ressaltou.
Quanto às visitas da última quinta-feira, 4, parentes de detentos contestam que não correram dentro da normalidade, como foi anunciado. “As visitas só encerram às 16h e quinta-feira foram encerradas às 14h, quando começaram a tirar quem estava dentro. Quem é familiar de qualquer preso que foi separado por causa da confusão desses grupos rivais, nem teve sequer a chance de entrar para fazer a visita. Aí começou a confusão e não parou mais”, revelou.
Os familiares estão a aproximadamente 300 metros da entrada da Pamc, porque foram impedidos de ficar nas proximidades do presídio. “Eles proibiram a gente para não correr nenhum risco. Vocês precisavam ver como ficamos na hora em que as bombas e os tiros são disparados. Isso é muito triste porque tem preso que não tem nada a ver com essa confusão e pode se dar muito mal”, destacou.
Quem mora nas proximidades da Cadeia Pública afirma que houve uma grande movimentação de policiais durante toda a tarde de ontem, além de explosões que também foram ouvidas.
De acordo com as informações extraoficiais, detentos de uma das facções criminosas serão transferidos para a Cadeia Pública de Boa Vista (CPBV), no bairro São Vicente, com o objetivo de separar os grupos e dar fim ao tumulto, enquanto detentos da CPBV serão encaminhados para o Centro de Detenção Provisória (CDP), onde funcionava o Centro Socioeducativo (CSE), no bairro Asa Branca.
Em nota, a Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc) afirmou que não procede a informação de transferência de internos da Penitenciária Agrícola do Monte Cristo (pamc) e reforçou ainda que a ordem no local está mantida pelas equipes de segurança que atuam na unidade.
Entretanto, fontes da Folha confirmaram que 15 detentos da Cadeia Pública serão remanejados para a Pamc. “Atualmente a Penitenciária Agrícola tem 100 integrantes do Comando Vermelho (C.V), então é mais fácil isolar os 15 da Cadeia Pública na Pamc”, destacou. Os detentos que pertencem ao CV ficarão em uma ala separada dentro da Penitenciária. (J.B)