O soldado Hélio Vieira, da Polícia Militar de Roraima, foi vítima de um ataque criminoso, na tarde de ontem, dia 10, juntamente com outros dois policiais. Ele levou um tiro na cabeça enquanto dirigia uma viatura da Força Nacional pela avenida Brasil, que circunda o complexo da Maré, composto por uma série de favelas e localizado na zona Norte da Capital do Rio de Janeiro.
A guarnição com os policiais capitão Allen, do Acre, Hélio Vieira, de Roraima e Rafael Pereira, do Piauí, entrou por engano na Vila do João, que integra as comunidades da Maré. Eles estavam se baseando por um GPS e tinham como destino o centro da cidade do Rio de Janeiro.
“A cerca de 200 metros da avenida Brasil eles decidiram fazer o retorno para tentar voltar para o caminho correto e, por isso, passaram a 500 metros da entrada da favela. Depois de receberem vários tiros de fuzil 762, o motorista [soldado Hélio Vieira] já atingido com um tiro na cabeça, deu ré, perdeu a direção e acabou parando o veículo em cima da calçada”, contou um policial.
De acordo com o Governo do Estado, 100 militares de Roraima estão no Rio de Janeiro para reforçar a segurança durante os Jogos Olímpicos, que iniciaram na última sexta-feira, dia 5. 10% desse total devem ser recrutados até o encerramento dos Jogos Paraolímpicos, previsto para o dia 30 de setembro.
Um áudio divulgado logo após o ataque, por um militar que estava no mesmo veículo que o soldado ferido, revela alguns detalhes de como foram surpreendidos pelo tiroteio. “A gente estava indo no Centro, o motorista entrou aqui [Complexo da Maré], nós passamos, os caras atiraram e atingiram a viatura e eu fui atingido. O motorista foi atingido de frente e não conseguiu sair da viatura e outro combatente também foi atingido. O Exército estava lá perto e nos salvou”, afirmou o Capital Allen.
O tenente-coronel Adnaldo, que responde pela Força Nacional na capital fluminense, explicou o estado clínico do soldado baleado. “A ocorrência envolvendo nossos FN’s na avenida Brasil, na entrada da Vila do João está administrada. O capitão Allen, que era o mais antigo da patrulha, foi socorrido e levado ao Hospital da Ilha do Governador, pegou um tiro de raspão no rosto, mas está bem. Os outros dois policiais, Hélio Vieira, de Roraima, teve um “impacto” [tiro] na cabeça, está internado no Hospital Salgado Filho, assim como o soldado Rafael Pereira, do Piauí, que está em estado de choque, mas não recebeu nenhum disparo”, disse.
Agentes da Divisão de Homicídio (DH) do Rio de Janeiro e da perícia estiveram no local do ataque, onde a viatura passou por perícia e foi levada para a Vila Operacional da Força Nacional, em Jacarepaguá, na zona Oeste da cidade.
O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, se pronunciou sobre a ocorrência que envolveu os policiais da Força Nacional. “Em primeiro lugar eu queria tranquilizar a família do capitão Allen, do soldado Rafael, dois dos três que estavam na viatura. Um deles, o capitão Allen, teve leves ferimentos, já está no Hospital no Galeão e será liberado rapidamente. O soldado Rafael não teve ferimentos. Agora, nós temos, em relação ao soldado Hélio, um ferimento grave, por isso a importância de eu vir falar antes da nossa reunião no CICC [Centro Integrado de Comando e Controle]. Foi feita a cirurgia. O neurologista passou duas horas operando, fazendo transfusão de sangue necessária e nós acreditamos que ele vá sobreviver a isso. Tivemos esse lamentável e covarde ataque à Força Nacional que acabou errando o caminho”, enfatizou.
Ainda segundo Alexandre de Moraes, Forças de Inteligência já identificaram e prenderam duas pessoas suspeitas de participar do ataque, mas não adiantou se uma operação seria realizada para chegar aos autores dos disparos. “Não vamos adiantar nada porque daqui estou me dirigindo ao CICC, mas solicitei que não só a Polícia Federal, mas a Secretaria de Segurança Pública, Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Rodoviária Federal (PRF) estejam lá, para que nós possamos analisar os fatos que levaram a isso e podermos evitar futuros fatos e rapidamente dar uma resposta”, finalizou.
O secretário municipal de Saúde do Rio de Janeiro, Daniel Soranz, informou no início da noite de ontem, 10, que o militar de Roraima chegou consciente ao hospital. “É uma cirurgia complexa, que já leva duas horas e meia e deve durar até quatro horas. Ele está nas mãos da nossa melhor equipe de neurocirurgia”, assegurou, descartando o risco de morte.
GOVERNO – Em nota à imprensa, o Governo do Estado, por meio da Polícia Militar de Roraima, confirmou a informação de que o policial militar, Soldado Hélio Vieira Andrade, que atua na Força Nacional de Segurança Pública, foi atingido no rosto por um tiro de arma longa.
O texto reforça ainda que o comandante-geral da PMRR, coronel Dagoberto Gonçalves, entrou em contato com o Comando da Força Nacional e que, ainda na tarde de ontem, foi até a casa dos familiares do militar informar sobre o ocorrido e um parente deve viajar para o Rio de Janeiro para acompanhar a situação.
“Hélio Vieira Andrade ingressou na PMRR no ano de 2003 e integra a Força Nacional desde o ano de 2014. As instituições estão unidas neste momento dando suporte necessário, tanto no atendimento ao policial quando no apoio aos seus familiares”, ressaltou a nota.
A administração estadual destacou que somente militares participantes da INC-GE (Instrução de Nivelamento de Conhecimento para Grandes Eventos), que ocorreu em Roraima no final de fevereiro deste ano, foram recrutados para participar da segurança dos Jogos Olímpicos. “O Corpo de Bombeiros Militar destacou 33 bombeiros que estão atuando no evento esportivo do Rio de Janeiro e as diárias são pagas também pelo Governo Federal. O Governo de Roraima também cedeu mais 30 militares para Manaus na terça-feira, dia 02”, frisou. (J.B)