Polícia

Governo redistribui 270 presos da Penitenciária e da Cadeia Pública

Ao contrário do que exigiam agentes penitenciários, Penitenciária continuará a receber detentos normalmente, até ordem contrária da Justiça interditando unidade

A transferência simultânea de detentos da Penitenciária Agrícola do Monte Cristo (Pamc), localizada na região do Monte Cristo, área rural de Boa Vista, e Cadeia Pública de Boa Vista, no bairro São Vicente, zona Sul – as duas principais unidades prisionais do Estado – foram concluídas hoje. No total 145 presos do regime semi-aberto que cumpriam penas na Pamc, foram remanejados para a Cadeia e 125 que estavam na Cadeia – com exceção de uma Ala que comporta 20 apenados do Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) – foram transferidos para o prédio do antigo Centro Sócio Educativo (CSE), no bairro Asa Branca.
A decisão das transferências foi tomada pelo secretário estadual de Justiça e Cidadania, Natanael Nascimento, após a tentativa de fuga em massa que ocorreu na Pamc na noite do último domingo, dia 26, que destruiu parcialmente a unidade. Cinco dias antes a Polícia descobriu um túnel, por onde os presos escapariam.
A ação foi auxiliada por 30 homens da Força Nacional (FN), que chegaram à Capital na última terça-feira, dia 28. Segundo o secretário, todos os presos que outrora “davam problemas” dentro da unidade, agora estão trancafiados na Cadeia.
No início deste ano, por determinação da 3ª Vara de Execuções Penais, por meio da juíza Graciete Sotto Mayor, a Cadeia só comportava presos do regime semi-aberto, aqueles com propostas de emprego. Ou seja, os que estavam efetivamente trabalhando e com carteira assinada, com direito a sair às 6 horas e regressar às 21 horas.
“Como essa triagem ainda não havia sido por toda feita na penitenciária, alguns presos nessa mesma condição, em vez de trabalharem, saíam para as ruas para cometer crimes e alguns ou a maioria, serviam como porta para o tráfico, para aqueles que permaneciam no regime fechado dentro da unidade”, explicou Nascimento.
Esses mesmos presos, num regime mais brando, por estarem alojados próximos a entrada da unidade, ficavam numa Ala muito grande e praticamente soltos na área social da penitenciária. Conforme o secretário: “Eles quebravam os cadeados, afrontavam os agentes penitenciários, jogavam pedras nos policias e comprometiam a ordem dentro da penitenciária. Agora posso garantir que todos estão na cadeia, sem direito a sair”. Isso porque, mesmo estando cumprindo pena no regime semi aberto, eles não têm proposta de emprego ou outra atividade similar.
“É uma grande bobagem o que algumas pessoas mal informadas estão falando a respeito dessas transferências. Os presos que hoje estão no CSE, são os mesmos que antes tinham o direito de sair e trabalhar, e já estavam nas ruas soltos, se ressocializando. Os que vieram para cadeia vão deixar de dar problema na penitenciária com comportamento inadequado e não têm direito a saírem”, ressaltou o secretário.
Ainda segundo ele, como os detentos da Pamc, durante motim atearam fogo em seis compartimentos da unidade prisional, incluindo as alas 14 e 15, a Secretaria junto ao Governo do Estado, já está providenciando a reforma, inclusive do alojamento dos agentes. “Também já estamos em fase final de aquisição, para novos armamentos, munição e outros materiais necessários para o bom andamento do presídio. Total de R$ 1 milhão investidos”, informou.
Até o momento, a Sejuc suspeita que apenas dois detentos tenham fugido durante o motim. Os nomes ainda não foram confirmados devido às transferências. A contagem deve ocorrer hoje.
Ainda nesta sexta-feira, dia 31, no mesmo lugar onde há dois meses os presos hastearam a bandeira da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), foi hasteada a do Brasil. “A bandeira foi em afronta ao nosso Estado e a autoridade policial. Começamos dar prova da nossa soberania, desde a descoberta do túnel às transferências de hoje [ontem], desarticulando a força daqueles que tentam por em cheque nossa autoridade. E isso é só o começo. Pela ordem e pela Pátria!”, declarou um policial, que pediu para não ser identificado.