Na noite de quinta-feira, 11, um taxista fez corrida para um casal que lhe abordou no Terminal Central de Boa Vista. De lá, o táxi se deslocou até o bairro Caranã, na zona Oeste de Boa Vista, onde o casal disse que ficaria, mas o episódio quase terminou em morte. A vítima tem 57 anos e disse que o casal anunciou o assalto assim que chegou ao local desejado, uma rua escura. Os dois infratores ainda não foram identificados.
Em entrevista à Folha, o taxista relatou como aconteceu o assalto. “Eu estava onde os lotações ficam, no terminal do Centro, porque quando passa o horário do lotação a gente vai para lá e fica. Aí estávamos eu e um colega, mas o colega saiu e em seguida chega o outro que trabalha no aeroporto, que pegou a mulher dele e foi embora. Quando eu fiquei só, eles [os bandidos] chegaram. Eu não gosto de encarar a pessoa que está acompanhada, então não olhei. Ela foi na frente e ele no banco atrás de mim, aí eu falei: “saí daí, senta para o outro lado”, daí quando chegou na rua 20, perto da caixa d’água, no Jardim Caranã, eu senti que tinha alguma coisa errada, aí eu pisei no freio”, explicou.
A vítima contou que no momento da frenagem o elemento anunciou o roubo e colocou a faca em sua garganta. O motorista disse que o elemento desconfiou de sua insegurança, momento em que o obrigou a dirigir até uma região de baixada e em seguida passaram a transitar até voltarem para o mesmo lugar escuro, próximo a buritizais. Com o carro parado, o bandido apertou a faca que estava no pescoço do taxista, que só não foi decapitado porque usou uma das mãos para impedir.
“Ele perguntou para a parceira ‘tá amarelando?’, mas eu tenho a impressão de que aquela menina me conhece e eu conheço ela. Ela pegou meu celular e quis saber do dinheiro. Eu estava com R$ 314,00 à mostra e R$ 650,00 escondidos para pagar uma prestação. Entreguei os R$ 314,00. Sei que eles não viram esse dinheiro escondido e procuraram arma. Me deixaram quase pelado dentro do carro, mandando tirar a roupa, e eu agarrado com a faca. Aí ela disse “tá bom, faz o serviço”, nessa hora eu fiquei doido, foi aí que meti a mão com mais vontade na faca”, relembrou.
A comparsa tentou puxar a mão do taxista, que escapuliu e foi direto ao trinco da porta. “Eu puxei, abri, botei as pernas par ao lado de fora porque não tinha como gritar porque tinha pressão no pescoço, aí prensei o braço dele na coluna do carro, foi quando ele afrouxou e eu pulei fora. Corri alguns metros, esqueci de puxar a chave e eles fugiram no táxi”, acrescentou.
Atordoado, o homem afirmou que não conseguia lembrar do número de telefone de ninguém, mas pouco depois fez um telefonema à esposa, que falou com o taxistas e por meio do rádio fizeram uma rede para localizar o veículo.
Cerca de três horas depois o veículo foi localizado nas proximidades da usina termelétrica, do bairro Jardim Floresta, também na zona Oeste. A parte frontal do lado direito do automóvel foi destruída pelos bandidos, além do para-brisa que foi quebrado em consequência da colisão em um muro e em outro carro.
A vítima conseguiu, na manhã de ontem, as imagens das câmeras de segurança do terminal, que também foram disponibilizadas à polícia para fazer investigação, mas até o final desta sexta-feira, 12, os elementos ainda não tinham sido identificados.
“A imagem não é nítida, mas eles falaram para mim que eram menores e que polícia para eles não tem valor algum porque poderiam prender, mas não dá em nada. Perguntaram quantos anos eu tinha, aí menti dizendo que tinha 52, quando na verdade tenho 57 anos. Eu digo que são maiores e usaram esse discurso para eu não levar o caso ao conhecimento da polícia. Pelos meus cálculos eles têm em torno de 18 anos”, revelou.
As suspeitas são de que o casal tenha saído do bairro Caetano Filho, o “Beiral”, para praticar o delito, tanto pelas características de viciados, quanto pelas condições em que estavam.
O prejuízo, segundo o taxista, chega a aproximadamente R$ 20 mil, considerando a situação em que o carro foi abandonado pelo casal de criminosos. (J.B)