Política

Coligação inusitada une pastores, LGBTs, mórmons e mães de santo

Conforme as regras do TSE, um ativista do movimento gay pode ajudar a eleger o pastor da igreja evangélica e vice-versa

A definição das alianças para a disputa do pleito proporcional de outubro em Boa Vista criou algumas situações inusitadas. O exemplo mais emblemático é o acordo do Partido Social Cristão (PSC), de base evangélica, com o Partido da Mulher Brasileira (PMB).

Tradicionais adversários no plano doutrinário, militantes cristãos com predominância evangélica, integrantes da causa LGBT e até mesmo mães de santo, se unem em uma coligação.

Como será válida para as proporcionais, a coligação colocará do mesmo lado, militantes da causa LGBT (sigla que se refere a lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais), como David Marinho, mais conhecido como Rebecka Marinho (PMB), mães de santo, que representa as Religiões Afro-Brasileiras, e evangélicos .  

Conforme as regras do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pelo sistema atual o cálculo das cadeiras é feito como se as coligações fossem um único partido. Assim, primeiro é definido o número de vagas e, depois, quem irá ocupá-las, seguindo a ordem dos mais votados. Ou seja, um ativista do movimento gay pode ajudar a eleger o pastor da Igreja evangélica.

Para os agora aliados, contudo, a situação não representa uma incoerência. “Não há restrição para não coligarmos com partidos A, B, C ou D. O partido cristão não discrimina, segrega ou exclui. Não somos homofóbicos como querem colocar sempre. Todos temos direitos de concorrer e vivemos em um pais pluripartidário. Cada partido faz as reuniões e entramos em consenso de fazer coligação, pois conversamos desde o ano passado e estamos juntos dentro desse processo eleitoral”, explicou o pastor Frankemberg, presidente regional do Partido Social Cristão.

Sandra dos Santos, presidente regional do Partido da Mulher Brasileira (PMB), explicou que o partido procurou fazer as melhores coligações e aceitou a proposta de coligação na proporcional. “Achamos uma boa ideia, pois precisamos plantar uma linha de pensamento na questão humana. Tentamos adequar o diálogo e o respeito com a pessoa humana, afinal, todos sofremos preconceitos, os evangélicos e os LGBT, e quando sentamos para conversar todos ouvem igualmente”, disse.

Sandra afirmou que para o partido a parceria é o melhor caminho. “Respeitamos o princípio ideológico do PSC. A nossa convivência é muito legal e trabalhamos com base no respeito por uma cidade melhor e um município melhor”, disse. “Temos que pensar na pluralidade da sociedade que é bem diversa. Vamos tentar discutir o melhor para o coletivo”, afirmou.