A partir de hoje, a leitura nas contas de luz em Boa Vista terá um reajuste gradativo que pode ultrapassar os 40% em um mês de tarifa. É que o desembargador do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), Jorair Aram Meguerian, suspendeu a liminar que impedia a Eletrobras Distribuição Roraima, responsável pelo fornecimento em Boa Vista, de reajustar a tarifa desde novembro do ano passado.
A Eletrobras também poderá cobrar do consumidor boa-vistense o retroativo de dez meses em cima dos 40%, o que totaliza mais de 400%. Diante da decisão, a distribuidora informou que o aumento chegará aos consumidores ainda esse mês, mas que ainda não foi definida a forma de cobrança dos meses retroativos.
De acordo com a empresa, em outubro do ano passado, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), após regular processo administrativo, concedeu 41,52% de reajuste na tarifa de energia elétrica para os consumidores de Boa Vista. Esse reajuste foi suspenso por força de decisão judicial, em caráter de liminar, que agora foi revogado.
Na alegação para pedir o fim do reajuste, as autoridades de Roraima alegaram que o reajuste era abusivo e o fornecimento de energia elétrica é precário no Estado. Também reclamaram que o reajuste foi calculado com base na produção de energia no Sistema Interligado Nacional (SIN), mas que Roraima não faz parte dele, pois recebe energia da Venezuela pelo Linhão de Guri.
O diretor comercial da Eletrobras Distribuição Roraima, Luiz Armando Crestana, deu mais detalhes ontem à tarde sobre o reajuste. Confirmou que a partir de hoje, a leitura no contador de energia já vai ser feita com um aumento gradativo, que no final do mês ficará em torno de 40%.
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Sobre os dez meses retroativos do reajuste, o diretor disse que a Eletrobras ainda vai discutir com a Aneel a melhor forma de cobrar do consumidor. Mas lembrou que mesmo com o reajuste, Boa Vista tem a quinta tarifa mais barata do País entre as 63 concessionárias de grande porte.
Luiz Armando Crestana observou o quanto é caro ter energia elétrica na Capital. Segundo ele, a Eletrobras paga por ano R$ 642 milhões, gerando e comprando energia. “O Megawatt/hora de Guri, por exemplo, custa R$ 228; e o produzido por uma usina termoelétrica sai a R$ 1 mil. Mesmo com a tarifa reajustada, pagaríamos R$ 369 milhões. A outra parte é paga por todos os consumidores brasileiros, por lei regulamentada pela Aneel”, explicou.
Sem o reajuste desde novembro passado, o diretor lamentou que a Eletrobras já amarga um prejuízo de R$ 90 milhões, o que deixou a empresa, segundo ele, em desequilíbrio econômico/financeiro. Somados todos os prejuízos, a conta negativa chega a R$ 180 milhões.
Luiz Armando Crestana finalizou a entrevista dando uma boa notícia para os mais de 110 mil consumidores boa-vistentes. Adiantou que em novembro que vem, mês de reajuste, haverá uma redução de tarifa no preço médio de energia para regiões isoladas, como é o caso da Capital roraimense. “Mas não sabemos de quanto será esta redução. A Aneel vai calcular e definir esse novo realinhamento”, finalizou. (A.J)
