Política

Presidente do Tribunal de Justiça denuncia advogada de réus à OAB

A representação pede que a OAB tome providências contra a advogada por quebra de ética e decoro

O desembargador Almiro Padilha, presidente do Tribunal de Justiça do Estado de Roraima (TJRR), denunciou à Ordem dos Advogados do Brasil – seccional Roraima (OAB-RR) a advogada Monica Cseke, que representa 12 dos presos na Operação Cartas Marcadas.

A representação pede que a OAB tome providências contra a advogada por quebra de ética e decoro, visto que ela deu uma entrevista coletiva citando o TJ estadual e Almiro Padilha como “comprometidos”. A advogada também afirmou em entrevista à imprensa que o Judiciário estaria facilitando a vida dos envolvidos na operação Cartas Marcadas, que investiga desvio de dinheiro público em licitações na Assembleia Legislativa.

“Tal fato me causou surpresa e repúdio, haja vista que ao longo de toda minha carreira procurei ser ético e seguir a Lei. Os fatos são graves e mancham a minha imagem e de todo o Poder Judiciário”, afirmou.

Almiro Padilha diz esperar que a OAB roraimense apure o fato e responsabilize Mônica Cseke “pela mácula no nome do judiciário e desse desembargador”. Padilha lembrou que a advogada deu entrevista um dia antes do julgamento do habeas corpus dos clientes e afirmou na representação que existe “claro intuito de influenciar o julgamento e ou intimidar os membros do TJRR”.

COISA DE GANGSTERS – Na representação, o presidente do TJRR foi enfático: “O dito encontro entre presos e advogados, feito na calada da noite, é altamente condenável sobre todos os aspectos, mais se assemelhando a uma reunião de gangsters, posto que, além de deplorável conteúdo, passam quase uma hora comunicando-se apenas por escrito e, logo em seguida, rasgam e destroem os papéis”, explicou.

O desembargador afirmou ainda que não tem legitimidade para representar contra os advogados, visto que eles não citam o seu nome, mas que acredita que a OAB-RR deva instaurar procedimento disciplinar para apurar o ocorrido.

O CASO – A advogada Mônica Cseke concedeu, no dia 8 de agosto, uma coletiva a imprensa para denunciar que seus clientes estariam sofrendo coação. Além da advogada, quatro parentes de presos também participaram da coletiva. A presa que fez a denúncia teria escrito uma carta de próprio punho afirmando se sentir “coagida a prestar declarações falsas que seriam utilizadas em uma guerra política”.

OAB abriu investigação

O presidente da OAB/RR, Rodolpho Morais, confirmou que recebeu a representação e vai encaminhar para instrução. “Será designado um relator que vai instruir processo, ouvir testemunhas e colher provas. Havendo requisitos, pode ser instaurado processo disciplinar”, explicou. Morais acrescentou que em trâmites normais de processos que dão entrada na OAB, os casos podem ser julgados improcedentes, ou o advogado pode ser advertido, suspenso ou perder a carteira. Até hoje, não existe registro de nenhum advogado que tenha perdido a carteira, segundo a Ordem.

“A OAB defende a busca da justiça, o combate a corrupção e havendo advogados que pratiquem ilícitos, responderão perante o Conselho, respeitando o devido processo legal”, concluiu Rodolpho Morais.