A Superintendência Federal de Agricultura em Roraima (SFA-RR) está participando da elaboração da Instrução Normativa que vai orientar o Estado a se mobilizar no combate à mosca da carambola. O documento está sendo desenvolvido pelo Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e será entregue à Agência de Defesa Agropecuária de Roraima (Aderr).
O superintendente da SFA-RR, Plácido Alves, disse que a Instrução Normativa já está pronta. “Está faltando apenas mais uma reunião entre os envolvidos, que acontecerá em breve, para que a Instrução seja regulamentada. O documento é uma maneira de orientar o Estado no combate à praga”, comentou.
Segundo ele, a Agência de Defesa vem recebendo recomendações há mais de um ano para combater a mosca da carambola, mas ainda não conseguiu se adaptar às atividades de fiscalização, fato que impede a comercialização das frutas e gera, anualmente, prejuízo de mais de R$ 100 milhões ao Estado. “A Aderr precisa se adequar para que possamos criar a possibilidade de alcançar o status de área livre da mosca da carambola. Estamos juntando esforços para alcançar esse objetivo”, afirmou Alves.
De acordo com ele, a Agência de Defesa alegou, inicialmente, que não tinha dinheiro para cumprir algumas solicitações do MAPA que, por sua vez, fez o repasse de R$ 1 milhão para ajudar a instituição a cumprir com o que foi proposto. “Um dos pilares da Instrução Normativa são as barreiras de fiscalização da mosca, que precisam funcionar 24 horas por dia. No entanto, os postos fiscais em Roraima funcionam de maneira inadequada, apenas um trabalha durante o dia inteiro e a maioria precisa de reparos”, ressaltou.
Alves disse ainda que o papel da Superintendência Federal de Agricultura é conseguir recursos para dar condições necessárias aos profissionais, para que possam dar continuidade ao trabalho de monitoramento e educação sanitária. “Além disso, estamos trabalhando em parceria com o MAPA e com o Sebrae para levar o serviço de erradicação da mosca da carambola ao Suriname, de modo que se eliminarmos a praga lá, o combate se torna mais fácil aqui, pois não haverá proliferação da praga. É um trabalho necessário que dará segurança à comercialização das frutas”, comentou.
O diretor de Defesa em Inspeção e Classificação Vegetal da Aderr, Luiz Cláudio Estrella, disse que a mosca da carambola é uma praga potencialmente perigosa para o Brasil, que é o terceiro maior produtor de frutas do mundo. “Caso a praga se espalhe pelo resto do País, haverá queda de produção e aumento de custos, já que teremos que combatê-la”, afirmou.
De acordo com Estrella, a Aderr está trabalhando da melhor maneira possível para controlar a praga. “A barreira no Jundiá, no Município de Rorainópolis, ao Sul do Estado, uma das mais importantes, funciona 24 horas por dia. Em relação às barreiras do município de Amajari, a Norte, e a de Bonfim, a Leste, estamos aguardando a chegada de dois containers, cujo processo já foi licitado, para que funcionem efetivamente. As barreiras também contarão com novos equipamentos e estrutura: iluminação, banheiros, computadores e materiais para identificação da praga”, disse.
A praga nos países vizinhos foi uma das dificuldades apontadas por Estrella. “Já se conseguiu a erradicação em Roraima. Mas países fronteiriços como o Suriname, por exemplo, não conseguiram eliminar a mosca. Esse problema acontece atualmente, o que acaba prejudicando as nossas ações, pois o inseto é carregado a milhares de quilômetros pelo vento e chega novamente aqui”, comentou.
Sobre o repasse de R$ 1 milhão do Ministério da Agricultura para a Aderr, Estrella informou que o dinheiro está sendo utilizado em ações de área vegetal e animal. “É muito caro manter as barreiras de fiscalização. No mais, a verba não foi destinada apenas para combater a mosca da carambola, mas também a Febre Aftosa, a tuberculose animal e outras necessidades, como a compra de cinco veículos que já adquirimos e estamos utilizando nas ações”, relatou. “O que realmente queremos é, junto à SFA, pleitear a abertura do mercado, pois é um benefício econômico para o Estado e positivo para toda a população roraimense”, finalizou Estrella.
PRAGA – A mosca da carambola é uma das espécies de moscas-das-frutas de maior importância econômica para a fruticultura mundial. Ataca várias espécies frutíferas tais como: carambola, manga, caju, laranja, acerola, tangerina, jambo vermelho, etc. Os adultos apresentam grande capacidade de vôo e podem voar por longas distâncias, no caso de falta de hospedeiros ou alimento. Além disso, fazem a postura nos frutos: as larvas penetram no fruto e se alimentam do seu interior, podendo destruí-lo completamente. (B.B)