A Praça Simón Bolívar, divisa dos bairros São Vicente, 13 de Setembro e Pricumã, tornou-se o lar de aproximadamente 20 moradores de ruas, que ocupam o local há anos por terem sido abandonados pela família ou por não terem outra opção. Lá, eles instalam suas redes ou fazem colchões improvisados para passar a noite.
O ajudante de serralheiro, Rafael Rodrigues, de 29 anos, mora na praça há cerca de três anos e disse que só sai de lá para trabalhar e volta. “Eu faço bicos, como carregar as compras das pessoas nos supermercados, e também trabalho em uma serralheria como ajudante desde os 15 anos”, contou.
O número de pessoas que ficam no local está sempre variando. “Às vezes tem 15 pessoas, outras, 10, e hoje, dia 20, somos apenas cinco. O bom de ter bastante gente é que nós sempre juntamos o dinheiro para comprar comida e bebida. Alguns amigos também tomam cachaça”, afirmou.
Rodrigues disse ainda que é uma vida muito dura, mas que eles não têm outra opção. “Alguns aqui foram abandonados pela família por conta do uso de drogas, outros, por terem vindo do interior e de outros estados para tentar ganhar a vida, mas que ainda não conseguiram”, complementou Rodrigues.
De acordo com ele, uma instituição religiosa os ajuda entregando comida três vezes por semana no local. “Os integrantes de uma igreja vêm todas as manhãs de segunda, quarta e sexta-feira para deixar sopa para nós. É uma felicidade muito grande, pois enquanto não temos ninguém, eles fazem questão de nos ajudar”, lembrou.
Os moradores, além de procurarem um lugar para morar, pedem doações da população para continuarem sobrevivendo. “Seria melhor se tivéssemos uma casa ou um orfanato para ficar, mas não temos. Quem puder trazer roupas ou qualquer coisa para nos ajudar seria muito bom. Se alguém souber de qualquer trabalho, seja para roçar um terreno ou ajudante de qualquer coisa é só vir aqui na praça. O que queremos é um emprego para viver melhor”, complementou Rodrigues.
Segundo ele, nenhuma instituição em Roraima proporciona amparo aos moradores de rua. “É por isso que a gente dorme nas praças. Algumas vezes a Polícia Militar nos retira daqui, mas a gente sempre volta. Não temos para onde ir, então é o jeito ficar por aqui”, concluiu. (B.B)