Cotidiano

Vendaval provoca estragos em vários bairros da Capital

Além de árvores e placas de propagandas destruídas, ao menos três escolas foram atingidas e alguns alunos ficaram feridos

Com velocidade perto dos 80 quilômetros por hora, o vendaval que passou ontem à tarde por Boa Vista fez vítimas e muito estrago. Em vários pontos da cidade, árvores, muros, telhados e outdoors foram arrancados pelo vento forte. Três escolas públicas foram atingidas e alguns alunos ficaram feridos, sem gravidade. Conforme a Eletrobras Distribuidora Roraima, foram 180 pontos na Capital e interior que ficaram sem energia devido a árvores que caíram sobre a rede de distribuição.

A chuva seguida do vento forte começou depois de 13h30. Apesar de não durar nem meia hora, o fenômeno assustou a população e provocou vários prejuízos. Acadêmicos de Antropologia da Universidade Federal de Roraima (UFRR), no campus Paricarana, no bairro Aeroporto, zona Norte, entraram em pânico quando viram o vento arrancar o teto do bloco Hydros, em construção.

“Foi terrível. Eu pensei que tudo fosse desabar. O barulho foi enorme e a gente saiu correndo para ver o que era. Aí o vento já havia arrancado o telhado. As folhas de zinco ficaram totalmente retorcidas, mas graças a Deus ninguém ficou ferido”, relatou uma acadêmica.

O telhado do bloco Hydros da UFRR estava em construção e custou R$ 232 mil. O pró-reitor de Infraestrutura da UFRR, professor Adir Severo, disse ontem que o prédio em obras ainda está sob a responsabilidade da empresa e que a Universidade vai notificá-la para providências. “Devem entregar a obra pronta”, observou.

No complexo esportivo Ayrton Senna, no Centro, uma árvore caiu. Outra árvore também foi arrancada pelo vendaval na Avenida Carlos Pereira de Melo, no bairro Jardim Floresta, zona Oeste. O trânsito ficou congestionado, mas equipes municipais retiraram a árvore e meia hora depois a avenida foi liberada.

Na Rua Detson Mendes, ainda no bairro Jardim Floresta, a força do vento também derrubou um muro. Na Avenida Centenário, no bairro Cinturão Verde, zona Oeste, o vendaval derrubou três outdoors. Apesar da via ser muito movimentada, ninguém ficou ferido. “Foi tudo muito rápido. Começou a ventar forte, muito forte, e quando vimos a placa caiu”, relembrou um comerciante.

Na Avenida São Sebastião, no bairro Santa Teresa, zona Oeste, o teto de uma loja também foi arrancado pelo vendaval. Em outros pontos da cidade, o vento forte fez mais estragos. (AJ)

Alunos de escolas públicas correram risco

Uma árvore foi derrubada pelo vento, ontem à tarde, na Escola Estadual Carlo Casadio, no bairro Cinturão Verde, zona Oeste. Nenhum aluno ficou ferido. O diretor da escola, professor Anderson Porto, disse que as atividades haviam recomeçado um dia antes, na quinta-feira, 25, e que a escola tem mais de mil alunos.

“Como é começo de aula, poucos alunos compareceram ontem e hoje, graças a Deus, porque senão poderia ocorrer um acidente. Estamos tomando todas as providências para retirar a árvore e não há necessidade de suspender as aulas”, avisou.

O diretor adiantou à Folha que já informou à Secretaria de Estado de Educação (Seed) e ao Corpo de Bombeiros, que ficou de retirar a árvore nos próximos dias.

Na Escola Estadual Professor Jaceguai Reis Cunha, no bairro Asa Branca, zona Oeste, o vento forte danificou a rede elétrica e por pouco os alunos não foram atingidos. Um poste caiu e a fiação energizada ficou no asfalto. Uma equipe da Eletrobras foi rápida e evitou o pior. A energia no quarteirão voltou horas depois.

No bairro Santa Luzia, alunos da Escola Municipal Maria Gertrudes Mota de Lima entraram em pânico quando parte do telhado foi ao chão. Segundo internautas, algumas crianças ficaram feridas, mas a Folha não conseguiu confirmar esta informação até o fechamento da matéria, às 17h30. (AJ)

Bombeiros recebem mais de cem chamados de socorro

A Secretaria de Comunicação Social do Governo de Roraima informou que, após as chuvas com fortes rajadas de vento registradas na tarde desta sexta-feira, 26, o Corpo de Bombeiros de Roraima recebeu mais de 100 chamados, quase de forma simultânea, o que ocasionou o congestionamento da Central 193. Dessa forma, algumas pessoas não conseguiram registrar imediatamente, problemas ocorridos em decorrência dos ventos. A situação foi normalizada posteriormente.

De acordo com o subcomandante do Corpo de Bombeiros, tenente-coronel Doriedson Ribeiro, além das equipes de plantão, mais oito equipes extras foram acionadas para atender as demandas, atuando de forma emergencial conforme a ordem de prioridade das ocorrências, iniciando pelas de maior risco, para as de prioridade secundária, consideradas menos graves. As principais ocorrências registradas foram de queda de árvores e placas, destelhamentos e quedas de torres de internet.

SEM ALERTA – O Corpo de Bombeiros ressalta que o monitoramento do clima é feito de forma conjunta com a Defesa Civil, por meio do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam). Porém, não foi emitido nenhum alerta antecedendo o ocorrido nesta tarde.

Neste momento, as equipes dos bombeiros seguem em atendimento à população. Também está sendo elaborado o levantamento das ocorrências e das áreas mais afetadas e os números referentes a esse trabalho serão divulgados posteriormente à imprensa.

Previsão indica mais chuvas e rajadas de vento para a Capital

Após a tempestade, ontem à tarde, o clima voltou ao normal, com ventos de 10 quilômetros por hora. A umidade do ar ficou em 78% e a temperatura amena, em 26ºC. Mas a previsão meteorológica para Boa Vista indica que os próximos cinco dias serão chuvosos, com rajadas de vento.

Ainda de acordo com o Instituto ClimaTempo, que informa em tempo real, o sol só aparecerá de forma intensa a partir da quinta-feira da próxima semana. A previsão também é de chuva para Roraima, principalmente na região Sul.

Fenômeno se forma com ventos opostos

Diferente de um tornado ou ciclone, um vendaval pode ser relacionado ao encontro entre duas massas de ar que giram em sentido oposto, favorecendo o desenvolvimento de uma terceira massa de ar que se desloca como um lançamento de ambas.

Vendavais são perturbações marcantes no estado normal da atmosfera, deslocamento violento de uma massa de ar, de uma área de alta pressão para outra de baixa pressão.  Os vendavais (número 10 na escala de Beaufort) compreendem ventos cujas velocidades variam entre 88,0 e 102,0 km/h. Os ventos com velocidades maiores recebem denominações específicas. (AJ)