Uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira, 29, pelo Instituto Brasileiro de Geografias e Estatísticas (IBGE), apontou que 56,6% de estudantes de escolas públicas de Roraima relataram já ter consumido bebidas alcoólicas ao menos uma vez na vida, e outros 12% experimentado drogas ilícitas.
Conforme o estudo, a média de consumo de álcool entre os jovens de escolas públicas no Estado está acima da média nacional, que é de 55,5%. Roraima também é o Estado da região Norte com maior percentual de alunos que experimentaram drogas ilícitas.
Dentre os estados, Roraima é o 5º maior em experimentação de drogas ilícitas entre os estudantes, com um percentual de 12%, bem acima da média nacional, que é de 9%. Considerando o total de jovens que relataram alguma vez já terem experimentado drogas ilícitas, 54% relataram ter consumido maconha e 14,3% crack, três vezes acima da media nacional.
Para a socióloga Geyza Pimentel, o alto consumo de drogas ilícitas entre os estudantes se deve ao fato da falta de segurança nas fronteiras. “Nós fazemos fronteira com a Venezuela e a Guiana, mas não há qualquer tipo de segurança em relação a entrada e saída de drogas no Estado”, afirmou.
Já a questão do consumo de bebidas alcoólicas entre os jovens, conforme ela, ocorre por conta da falta de fiscalização nos pontos de vendas. “Existe uma lei que proíbe a venda de bebidas alcoólicas a menores de idade, mas pouca gente respeita isso. Os supermercados e comércios deveriam evitar essa venda, mas não fazem isso porque não há fiscalização”, disse.
A socióloga comentou que, além de ações de conscientização contra o uso de drogas nas escolas, o papel dos pais é importante. “Não adianta a escola fazer o papel dela se os pais não fizerem em casa. É preciso haver um meio termo para essa questão, para impedir que esses jovens tenham acesso a essas drogas”, frisou.
Para ela, a pesquisa apontaria os mesmos índices se fosse realizada também em escolas particulares. “Se essa pesquisa fosse feita em escolas particulares os índices seriam os mesmos, senão piores. Isso ocorre porque os jovens de classe média, classe média alta têm mais acesso ao dinheiro para comprar drogas ilícitas e bebidas”, pontuou.
Governos dizem que desenvolvem ações nas comunidades escolares
Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Educação e Cultura informou que as escolas da rede municipal de ensino realizam durante todo o ano letivo diversas atividades, que visam conscientizar toda a comunidade escolar quanto aos perigos e danos que o consumo de álcool e drogas podem causar.
“Nesse sentido, as unidades de ensino realizam ações como: palestras; atividades lúdicas e ações correlatas, que contam em sua maioria com a colaboração e parceria de Instituições de Ensino Superior, profissionais de saúde das unidades básicas da Secretaria Municipal de Saúde, das Instituições Militares e também com Igrejas e Instituições religiosas”, destacou.
GOVERNO – Também em nota, a Secretaria Estadual de Educação e Desporto (Seed), por meio da Divisão de Desenvolvimento Psicossocial Escolar, afirmou que trabalha nas escolas da rede estadual com o projeto Antidrogas, por exemplo, que tem como objetivo possibilitar aos professores, das diversas disciplinas que compõem o currículo escolar, debates e discussões com alunos, sobre o tema proposto, agregando conhecimentos e combatendo o uso de drogas no ambiente escolar.
“O projeto foi lançado no final do ano passado e 12 escolas já fazem parte, e três já estão realizando o trabalho em sala de aula. As demais vão começar as atividades neste semestre. O Projeto Antidrogas surgiu devido às inúmeras ocorrências de atos de indisciplina e violência ocorridos no ambiente escolar”, informou.
Conforme a Seed, as ações são acompanhadas pela equipe técnica da Divisão de Desenvolvimento Psicossocial Escolar. O projeto coloca o aluno como protagonista, e os trabalhos práticos são desenvolvidos por eles. Os professores de cada disciplina do currículo escolar devem trabalhar com a temática droga, assim, durante o ano letivo, o aluno desenvolve atividades sobre o tema, por meio de oficinas, poesias, música, teatro, vídeo, pesquisa e seminários.
Em pareceria com a Polícia Militar, a Seed trabalha com o Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd), que busca formas de prevenir o uso indevido de drogas e evitar a prática da violência por crianças e adolescentes. “Nesse sentido, o Proerd já formou 76.063 alunos de diversas escolas estaduais, além de realizar inúmeras palestras na Capital e nos municípios interior do Estado. Até o presente momento, o programa já atendeu mais de 30 escolas Estaduais, com os Currículos do 4º, 5º e 7º Ano do Ensino Fundamental, tendo sua composição na maioria de crianças, pré-adolescentes e adolescentes de 9 a 14 anos de idade”, destacou.
A Seed ressaltou o compromisso com a educação e afirmou que trabalha com responsabilidade na prevenção do uso de drogas por adolescentes e jovens, a fim de evitar o envolvimento com a criminalidade. (L.G.C)