Cotidiano

Ajudam, mas não bastam como solução, afirma presidente do CRM

Na avaliação do Conselho Regional de Medicina, para que os serviços da Saúde Pública melhorem em Roraima serão necessários mais investimentos em infraestrutura e pessoal

Em 30 de junho, a Sesau (Secretaria Estadual de Saúde) iniciou a transferência de pacientes do Pronto Atendimento Airton Rocha (Paar) e do Hospital Geral de Roraima (HGR) para o Hospital Loty Iris, no Centro da cidade. A medida foi tomada cerca de um mês após o governador do Estado, Chico Rodrigues (PSB), ter declarado, em coletiva à imprensa, “Situação Especial de Emergência na Rede Pública de Saúde”. Para o presidente do CRM-RR (Conselho Regional de Medicina em Roraima), Alexandre Marques, a medida ajuda a resolver o problema de superlotação temporariamente, mas não é a solução.

Ele destaca que a medida não é suficiente para se chegar a um serviço de qualidade na rede pública. “Em nosso estado, não houve compasso no que diz respeito ao aumento da população e à oferta de leitos”, comentou.

O presidente do CRM destacou que o sistema de saúde não é feito somente com o médico atrás da mesa. “Há necessidade de investimentos na infraestrutura das unidades de saúde. Nós almejamos conseguir isso através de nossas fiscalizações, pois enviamos relatórios aos gestores e aos órgãos de fiscalização para que essas medidas sejam adotadas”, disse.

Ele apontou uma deficiência crônica de médicos especialistas no Estado e o motivo seria a falta de investimento nestes profissionais. “Não é atrativo para estes profissionais se estabelecerem em Roraima. É necessário um projeto com resultados em longo prazo para atrair e fixar estes profissionais no Estado”, disse. (I.S)

Há necessidade de investimento no servidor, afirma presidente Conselho Municipal

Para o atendimento no sistema público de saúde melhorar, há a necessidade de melhorias na infraestrutura do sistema para que as unidades de saúde ofereçam um mínimo de conforto tanto aos servidores quanto aos usuários. A afirmativa é do presidente do conselho municipal de saúde, o empresário Ricardo Matos.

Conforme Matos, o sistema está evoluindo gradativamente quando o assunto é investimento no servidor. “O Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração dos servidores da Secretaria Municipal de Saúde foi recentemente aprovado pela Prefeitura de Boa Vista, mas somente isso não é suficiente”, disse o empresário.

Matos afirma, também, que há a necessidade de humanização no atendimento ao usuário do sistema público de saúde. “No sistema de saúde é pregado a questão da humanização do atendimento, mas como iremos atingir esse objetivo com servidores insatisfeitos com a remuneração que recebem e trabalhando em estruturas precárias?”, questionou.

Mas, investir apenas no salário dos servidores também não é a solução, segundo Matos. “Necessitamos de mais leitos para evitar o que vemos hoje: pacientes em macas no corredor e crianças acomodadas em cadeiras. Os servidores necessitam de material como luvas, seringas e máscaras para que possam exercer as atividades”, declarou.

Para garantir um sistema de saúde de qualidade, os usuários do serviço podem fazer denúncias aos Conselhos Municipal e Estadual de Saúde. Matos destaca que o maior fiscal da qualidade do serviço prestado nas unidades de saúde é a população. “Quando um usuário do sistema vê alguma irregularidade em relação ao serviço prestado, como falta de medicamento ou leitos, ele pode entrar em contato com um dos conselhos, o estadual ou o municipal, dependendo da unidade saúde”.

Conforme Matos, uma comissão externa é enviada até a unidade para averiguar a situação. “Há a necessidade desta fiscalização, pois muitas vezes as denúncias são falsas, e para cobrar uma ação dos órgãos competentes, temos que analisar o caso”, relatou. (I.S)

Promotora de Justiça diz que MPRR garante direitos da população

O MPRR (Ministério Público do Estado de Roraima), por intermédio da Promotoria de Defesa da Saúde, atua na defesa do direto à saúde tanto de forma coletiva quanto individual. “Por se tratar de direito indisponível, seja de forma extrajudicial, por meio de recomendações, Termos de Ajustamento de Conduta [TACs], audiências públicas ou, se for necessário, recorrendo ao Judiciário, com ações civis públicas”, informou a promotora de Justiça de Defesa da Saúde, Jeanne Sampaio.

Ela citou como exemplo a audiência pública realizada pelo MPRR para debater a situação do Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazaré. “A audiência resultou em grandes avanços práticos no que se refere às ações implementadas pelo Poder Público para melhorar o atendimento, assim como a estrutura da unidade”, comentou.

Informou também sobre uma Ação Civil Pública, ajuizada em maio de 2013, que se refere ao Hospital Infantil Santo Antônio, em que o MPRR recorreu ao Judiciário contra o Estado e a Prefeitura, e aguarda pronunciamento da Justiça. “Essa ação foi tomada para que fossem resolvidos problemas estruturais, precariedade no atendimento às crianças, falta de material médico-hospitalar e diversas outras irregularidades encontradas no hospital”, contou. (I.S)

Diagnóstico da situação da saúde no Estado ainda não foi concluído pelo MPRR

Após o governador do Estado, Chico Rodrigues (PSB), ter decretado “Situação Especial de Emergência na Rede Pública Estadual de Saúde”, no dia 24 de maio, o Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR) criou um grupo de trabalho com promotores para um diagnóstico da situação da saúde estadual. O prazo da entrega do documento preliminar terminou no dia 26 de junho.

Mas os promotores pediram prorrogação do prazo de entrega do diagnóstico preliminar. Na ocasião, eles alegaram que o tempo para realização das diligências nas unidades hospitalares públicas localizadas em Boa Vista é muito curto. A Procuradoria-Geral de Justiça prorrogou, então, por mais 30 dias o prazo para a conclusão dos trabalhos. Uma semana após o fim do prazo de prorrogação, as investigações ainda não foram concluídas.

O MPRR informou, por meio de nota, que as diligências se encontram em andamento nas unidades hospitalares públicas de Boa Vista. Os promotores de Justiça designados continuam coletando informações e analisando os documentos requisitados junto à Sesau. “Eles só vão se pronunciar sobre o trabalho da força-tarefa após a conclusão da investigação”, informou a assessoria do MPRR. (I.S)