A queda de braço entre os profissionais de enfermagem e o Governo do Estado promete ser longa. A categoria iniciou greve por tempo indeterminado na manhã de ontem, 05, mas a administração estadual rechaçou a possibilidade de cumprir com os acordos da pauta de reivindicação de forma pontual, uma das exigências dos trabalhadores.
O Sindicato dos Profissionais de Enfermagem de Roraima (Sindprer) reivindica auxílio alimentação, chamada de novos concursados, pagamento de retroativo das progressões, Gratificação de Assistência Específica (GAE) e enquadramento de profissionais e melhorias nas condições de trabalho.
Segundo o presidente do Sindprer, Melkisedeque Menezes, nenhum dos pontos exigidos pela categoria foi atendido pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesau). “O governo não fez nenhuma negociação conosco, a última conversa ocorreu no dia 23. Enviaram uma nota à imprensa totalmente irreal, sem nenhuma efetividade. Diante dessa situação, não recebemos nenhuma outra proposta”, frisou.
Sem acordo entre as duas partes, os enfermeiros cruzaram os braços em cerca de 35 unidades de saúde da Capital e do interior. Somente 30% dos profissionais permaneceram nos postos de trabalho, como determina a Lei de greve.
“Nós falamos com os secretários de Saúde, Administração e da Casa Civil e não foi resolvido nada. Fizeram mais uma imposição querendo chamar 82 profissionais técnicos em enfermagem e 30 enfermeiros para acabar com nosso movimento de greve, mas nós não aceitamos mais acordos somente para acabar com o nosso movimento”, afirmou.
O presidente do sindicato classificou a situação da saúde em Roraima como “deplorável. “Não cobramos só déficit de funcionário, cobramos melhorias nas condições de trabalho. Desde 2015 temos as mesmas pautas que o governo não tem cumprido, a cada dia a saúde piora, as unidades estão com falta de material e equipamento. Os profissionais têm que trabalhar no improviso, colocando a assistência ao paciente em situação deplorável”, frisou.
Secretário afirma que não existe orçamento para pagar benefícios
Em entrevista à Folha, o secretário estadual de Saúde, César Penna, afirmou que a pasta vem negociando com a categoria. “Realizamos mais de 12 reuniões e, de todos os pontos que o sindicato nos solicitou, atendemos a todos, exceto aqueles que tinham maior impacto financeiro, que eram o auxílio alimentação e o reajuste anual de 4,5%”, informou.
Conforme ele, as exigências da categoria trariam impacto financeiro de R$ 2,5 milhões, por mês, na folha de pagamento. “Devido à crise econômica que o país passa, e Roraima faz parte disso, não temos como absorver esse impacto. O que a gente conversou foi que atenderíamos alguns pontos, como chamar os concursados e pagar o retroativo das progressões”, disse.
O secretário informou que somente o enquadramento dos servidores gerou impacto de R$ 4,2 milhões à área. “Só que, além disso, eles ainda querem o vale alimentação e o reajuste anual, mas não temos como dar esses dois pontos porque seria um impacto de R$ 30 milhões por ano. Isso não tem na lei e nem há previsão orçamentária”. (L.G.C)