Cotidiano

Comércio triplica vendas na fronteira

Crise na Venezuela empurrou os venezuelanos para compras na cidade brasileira de Pacaraima, que vende principalmente alimentos

Se por um lado os moradores de Pacaraima reclamam do aumento da violência e das condições precárias em que vivem os venezuelanos refugiados, por outro, os comerciantes festejam. É que as vendas triplicaram, principalmente de gêneros alimentícios. Os supermercados do centro comercial de Pacaraima, na Rua Suapi, agora ficam lotados de venezuelanos.

“Aqui é mais caro, mas a gente tem que comprar porque não tem em nosso país. A gente leva o que pode passar na barreira. Compramos os alimentos em fardo porque é mais barato. E lá [na Venezuela] a gente divide entre as famílias”, explicou a professora Mariah Tereza Sanchez, de 49 anos, moradora de Santa Elena do Uairén.

O comerciante Rogério Araújo, que há 30 anos trabalha na Rua Suapi, confirmou as boas vendas, mas disse que o movimento caiu um pouco nessa última semana. “Com a crise, os venezuelanos estão correndo para cá para comprar comida. Mas apesar da necessidade deles, não estamos explorando-os. Os preços das mercadorias continuam os mesmos”, disse.

A Folha pesquisou o preço dos principais alimentos comprados pelos venezuelanos no comércio de Pacaraima. Quase tudo é vendido a R$ 5,00: arroz, óleo, trigo, macarrão e açúcar. O feijão carioquinha custa R$ 15,00 o quilo. A margarina custa R$ 4,50. O fardo dos produtos vendidos por R$ 5,00 saem a R$ 100,00.

“Eles compram em fardos, pois sai mais barato. Muitos comerciantes venezuelanos estão comprando aqui para revender lá. Só não sei como conseguem atravessar a fronteira. A quantidade de produto ultrapassa a cota estipulada, mas eu acho bom porque vendo mais ainda”, festejou outro comerciante.

A Folha registrou vários caminhões venezuelanos sendo carregados por gêneros alimentícios. Os motoristas venezuelanos não quiseram gravar entrevista, mas confirmaram que os produtos seriam revendidos no país vizinho. O lucro, segundo eles, é pouco, mas dá para ganhar. “O que sobra, o nosso lucro, é para a gente comer. Lá a situação está difícil. Não tem comida e onde tem está muito caro, mais caro que aqui”, reclamou o venezuelano. (AJ)