A disparada no preço do leite, açúcar, manteiga e arroz fez com que o valor da cesta básica referente ao mês de agosto, em Boa Vista, chegasse a R$ 441,60. De acordo com o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a Capital permaneceu com o sétimo maior conjunto básico de alimentos entre as 27 pesquisadas e a primeira entre as da região Norte.
Em comparação ao mês anterior, conforme o Dieese, a cesta se manteve estável e recuou apenas 0,28%. Nos oito primeiros meses de 2016, porém, a alta acumulada na Capital foi de 21,35%, a terceira maior do País, ficando atrás apenas de Goiânia (22,51%) e Maceió (22,28%).
Entre julho e agosto, nove produtos mostraram elevação no valor médio. O leite integral liderou a lista dos itens mais caros, com aumento de 10,02%, seguido pelo valor do açúcar, com 4,09%, da manteiga, com 3,11%, e do arroz agulhinha, com reajuste de 3,09%.
O feijão carioquinha, com alta de 0,90%, o óleo de soja, que somou 0,87%, a farinha de mandioca, com 0,75%, o café em pó, com 0,54%, e a carne bovina de primeira 0,09% foram outros produtos que influenciaram na estagnação do alto valor da cesta básica em Boa Vista.
Conforme o Dieese, apenas três produtos apresentaram queda de preço: tomate, com -7,13%, o pão francês, com -0,51%, e banana, que caiu -0,46%. Na Capital, os 12 produtos que compõem a cesta básica são: carne, leite, feijão, arroz, farinha, tomate, pão, café, banana, açúcar, óleo e manteiga. Ao contrário de outros estados, a batata não é incluída na cesta do boa-vistense.
O Dieese apontou que, em agosto, houve predominância de alta no preço da manteiga, arroz, leite integral e açúcar em todo o País, sendo que o valor da manteiga seguiu em alta em todas as capitais. O valor médio do quilo do arroz ficou mais caro em 24 cidades. De acordo com o Departamento, o período de entressafra do produto explica a alta nos preços.
O preço do feijão apresentou retração em 19 das 27 capitais. O valor do tipo carioquinha, pesquisado nas regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, decresceu em 16 cidades. Houve alta no Norte e Nordeste: Rio Branco (0,78%), Boa Vista (0,90%), Maceió (2,55%), Fortaleza (3,48%), Manaus (6,30%) e Macapá (7,13%).
Já o leite integral teve seu preço elevado em 23 capitais. O Dieese justificou que o período ainda foi de entressafra, o que refletiu no aumento do preço do leite nas prateleiras. No entanto, houve maior captação de leite junto aos produtores e a expectativa é de elevação na produção para o próximo mês.
Cesta comprometeu 54,55% da renda do trabalhador assalariado
O Departamento informou que o trabalhador boa-vistense, que recebe o equivalente a um salário mínimo, cerca de R$ 880,00, comprometeu da remuneração líquida 54,55%, ou seja, após os descontos previdenciários, com a cesta básica em julho. Em julho, o percentual exigido era de pouco menos de 54,70%.
Para conseguir comprar uma cesta básica, o boa-vistense que recebe apenas um salário mínimo precisou cumprir, em agosto, jornada de 110 horas e 24 minutos, semelhante ao tempo necessário em julho, que foi de 110 horas e 43 minutos.
Levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o Dieese estimou que mensalmente o valor do salário mínimo atual necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria ser R$ 3.991,40, ou 4,54 vezes o mínimo de R$ 880,00. Em julho, o mínimo necessário correspondeu a R$ 3.992,75, o que equivaleu também a 4,54 vezes o piso vigente. (L.G.C)
Entressafra e ‘fator Venezuela’ justificam estabilidade, diz Dieese
No mês passado, o Dieese havia apontado que a migração em massa de venezuelanos para o Estado fez com que o valor da cesta básica disparasse. Este mês, a entressafra de alguns produtos, como o arroz, também foi responsável pela estagnação do preço. “Estamos na época da entressafra do arroz e isso fez com que o preço do produto aumentasse em todo o País”, avaliou a técnica do Dieese em Roraima, Adisley Mesquita.
Conforme ela, nem a abertura de novos estabelecimentos e a concorrência de mercado foram capazes de diminuir o valor dos produtos no mês de agosto. “Talvez vejamos o impacto desses novos supermercados no mês de setembro, mas se apenas um ou dois estabelecimentos estiverem diminuindo o preço dos produtos, não terá grande impacto na cesta. Essa diminuição tem que ser geral para sofrer efeito no cálculo”, explicou.
O Departamento pesquisou 87 estabelecimentos comerciais que englobam supermercados, feiras livres, padarias e açougues distribuídos em quase todos os bairros de Boa Vista. (L.G.C)