Cotidiano

Empresa responsável pela limpeza nos hospitais anuncia paralisação

Sem receber pagamento pelos serviços de limpeza dos hospitais e equipamentos, empresa anunciou que irá paralisar serviços a partir da próxima segunda-feira

Sem receber as faturas desde julho deste ano pelos serviços de lavagem, processamento e distribuição de roupas hospitalares do Hospital Geral de Roraima (HGR), Hospital Coronel Mota (HCM) e do Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth (HMINSN), todos de responsabilidade do Governo do Estado, a empresa F. C. de Sousa – EPP vai paralisar os serviços a partir da próxima segunda-feira, dia 10.
A decisão foi anunciada pelo empresário Fabiano Cantal, proprietário da empresa F. C. de Sousa, em entrevista à Folha, depois de tentar várias negociações com o Governo do Estado. “Se não houver nenhuma medida prática, como a emissão de empenhos de pagamentos das notas em atraso, os servidores já foram comunicados que vão parar de trabalhar por tempo indeterminado a partir de segunda-feira, até que se resolva a questão”, afirmou.     
São 77 servidores contratados pela empresa para as três unidades hospitalares do Governo do Estado. “Os hospitais não funcionam sem que as roupas hospitalares dos pacientes, macas e mesas cirúrgicas estejam lavadas, limpas e desinfectadas. Sem nossos serviços, estas unidades vão paralisar por completo, mas não posso ficar de braços cruzados esperando a boa vontade do governo pagar pelos serviços que venho fazendo”, frisou.      O empresário informou que já tentou negociação com o Governo do Estado, através de dois secretários de Saúde, e que teve como resposta que esperasse mais um pouco e que não havia uma data especifica para pagamento. “A última conversa foi na quinta-feira, dia 30, quando falei com o atual secretario, Stenio Nascimento, e as promessas foram de que estariam alocando recursos de outros empenhos que estariam sendo cancelados. Mas não há nada de concreto”, frisou.
Ele destacou que o problema é bem maior, pois além de estar sem receber, a empresa continua trabalhando sem os empenhos dos meses de agosto, setembro, outubro e novembro, o que não é permitido por lei e não recomendado pela Controladoria-Geral do Estado (CGE-RR), conforme consta nos autos do processo 5181/2013. “Já recebemos promessas de pagamento por escrito para o dia 20 do mês passado e, mesmo assim, não recebemos. As promessas de empenho se arrastam desde agosto e não podemos mais continuar os serviços dessa forma desleal e com essa irresponsabilidade e descaso da administração”, frisou.
TRIBUNAL – O empresário Fabiano Cantal pediu que o Tribunal de Contas do Estado (TCE) acompanhe de perto os pagamentos e emissão de empenhos da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau). “Acredito que do jeito que está, nem com muita reza e boa vontade as contas dessas gestões desastrosas vão fechar. E como fica a Lei de Responsabilidade Fiscal e Improbidade Administrativa?”, questionou.
SESAU – A Folha manteve contato com a assessoria de imprensa da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), mas até as 18h não houve retorno. (R.R)
Governo também deve a outra empresa que fornece material de higiene e limpeza
O empresário Fabiano Cantal disse que é dono de outra empresa, a Cantal e Miranda, que venceu licitação para o fornecimento de material de higiene e limpeza para o Estado. Segundo ele, no próximo dia 26 vai fazer um ano que não recebe nenhuma fatura pela entrega dos produtos de limpeza. O total, incluindo faturas da Sesau e de outras secretarias, ultrapassa os R$ 300 mil.   
“Temos uma fatura que vai fazer um ano no próximo dia 26 e o próprio secretário de Saúde, Stenio Nascimento, disse que se a empresa quisesse receber essa fatura, que procurasse seus direitos na Justiça, já que se tratava de contrato de outro governante, no caso, Anchieta”, disse. “Além das outras faturas atrasadas, já do governo Chico Rodrigues, e que o secretario disse que não tem previsão para pagamento”, frisou.
Diante da situação, Fabiano Cantal afirmou que cortou o fornecimento desde setembro deste ano. “Não sei como eles estão mantendo as unidades hospitalares e outras secretarias limpas”, disse ao ressaltar que outras empresas fornecedoras do governo deveriam perder o medo, fazer o mesmo que ele e denunciar os problemas que estão enfrentando para manter suas empresas   
“Espero que com essa atitude, expondo minha empresa, que outros empresários, que também sei que estão com faturas atrasadas, prontifiquem-se a falar e buscar seus direitos de receber pelos serviços. Não adianta ficar calado. Temos que denunciar a má administração das verbas públicas destinadas à Secretaria Estadual de Saúde, que acarretando falta no pagamento das prestadoras de serviços e a não emissão de empenhos para execução dos serviços”, disse.
“Somos pais de família e trabalhamos dignamente para por comida na mesa, por isso, depois dos deveres cumpridos, temos direito de receber o que nos é devido e precisamos de condições básicas para a execução dos contratos, neste caso, os empenhos”, complementou. (R.R)