Polícia

Adolescente sírio internado no HGR após levar tiro em assalto morre

O caso ocorreu em Santa Elena, na Venezuela, mas ele e a mãe, que teve morte cerebral, foram encaminhados para o Hospital Geral de Roraima

Na madrugada de ontem, por volta das 2h, o caso da família de sírios que foi assaltada em Santa Elena de Uairém, na Venezuela, fronteira com o Brasil, teve um desfecho triste. O filho mais novo e estudante em Pacaraima Taemor Shamsaldeen, de 16 anos, morreu no Hospital Geral de Roraima (HGR) e a mãe, Amira Kontar, de 53 anos, teve morte cerebral decretada pelos médicos. Eles foram internados no último dia 5, quando o crime ocorreu. O filho mais velho, Odai Shamsaldeen, de 18 anos, morreu no mesmo dia da ocorrência e já foi sepultado.

Tanto Taemor quanto a mãe [Amira] foram trazidos às pressas para o HGR depois de serem alvejados pelos criminosos. Assim que deram entrada na unidade de saúde em Boa Vista, foram internados na Unidade de Terapia Intensiva.

O adolescente teve falência múltipla de órgãos, morte causada em consequência dos disparos que recebeu na região do abdômen. A mãe teve morte cerebral decretada no mesmo momento em que a morte do filho foi atestada pelo médico de plantão, no entanto, a família decidiu não desligar os aparelhos que a mantém viva, considerando que os batimentos cardíacos não cessaram.

O corpo do garoto deu entrada no Instituto de Medicina Legal (IML) ainda na madrugada de ontem e passou por exame cadavérico e necropsia ainda pela manhã, em seguida foi liberado. Assim que foi liberado o corpo do adolescente, a família realizou um funeral, em Boa Vista, que contou com a presença de alguns amigos e parentes, depois realizaram o sepultamento no Cemitério Campo da Saudade, no bairro Centenário, zona Oeste da Capital.

De acordo com um primo das vítimas, que também é sírio, a cerimônia de sepultamento acontece em árabe, com trajes específicos. Para que o corpo fosse enterrado, a família pediu autorização do sheik, responsável pelo clã, para que caixões fossem usados, considerando que na cultura árabe os mortos são sepultados envolvidos em tecidos. A única exigência do Sheik foi que os corpos estivessem enterrados em direção ao oriente, voltados para Meca, cidade da Arábia Saudita, considerada santa para os mulçumanos, adeptos do islamismo.

O familiar esclareceu ainda que representantes do consulado da Síria estão em Santa Elena acompanhando as investigações sobre o latrocínio.

A família saiu do Oriente Médio para procurar abrigo na Venezuela, fugindo da guerra incessante na Síria e países circunvizinhos. Os dois adolescentes estudavam na Escola Estadual Cícero Vieira Neto, no município de Pacaraima, região Norte, cerca de 220 quilômetros de Boa Vista. “Eles fugiram da Síria para abrigarem-se na Venezuela. Taemor vivia assustado pelos corredores. Eu o via e ia até ele saber por que estava assustado.

Ele me falava em espanhol, todo atrapalhado, dizendo que tinha muito medo e que o Brasil era muito bom, tranquilo. Ele gostava de jogar bola na hora do intervalo”, explicou a professora Dinna Santos em entrevista à Folha.

O CASO – Na manhã da última segunda-feira, dia 05, quatro homens entraram no ponto comercial, onde também fica a casa da família síria Shamsaldeen, em Santa Elena de Uairén, estado de Bolívar, fronteira com o Brasil. A intenção do bando era roubar, no entanto o pai reagiu, e no fogo cruzado, os bandidos atiraram contra a esposa e os dois filhos, um deles morrendo na hora.

O proprietário do estabelecimento atingiu um dos criminosos, que também morreu no local, os outros três fugiram. Especulações sobre a ocorrência dão conta de que ao menos dois dos assaltantes envolvidos no caso são da polícia bolivariana. (J.B)