Cotidiano

Greve é mantida e clientes reclamam da falta de dinheiro nos caixas eletrônicos

A greve dos bancários em Roraima, iniciada há pouco mais de uma semana, em cumprimento a determinação do Comando Nacional dos Bancários, já começa a causar os primeiros transtornos aos usuários, que reclamam do descumprimento da manutenção de 30% dos serviços nas agências, como determina a Lei de Greve.

Os usuários denunciaram à Folha que os caixas eletrônicos de diversas agências estão inoperantes e que, por conta disso, não estão conseguindo realizar operações simples, como saques, transferências e pagamentos de boletos. Ontem os bancários decidiram dar continuidade ao movimento grevista, em todo o país.

A Folha percorreu agências bancárias da área central de Boa Vista e constatou que o problema é ainda maior por conta da atualização de dados de milhares de beneficiários do Programa Crédito do Povo, que são obrigados a chegar de madrugada às unidades para conseguirem serem atendidos. Em algumas agências havia filas e confusões.

“A coordenação do comando de greve não está respeitando os 30% de atendimento aos clientes, conforme preconiza a legislação em vigor. Já fui em quatro agências do banco do Brasil e os caixas eletrônicos estão inoperantes. Estou tentando pagar um boleto do concurso público para o provimento de vagas para o cargo de enfermeiro técnico do exército e há dois dias estou encontrando dificuldade”, disse a usuária Potiguara Moraes Costa.

Outra usuária, Maria do Socorro, chegou a uma agência às 05h para conseguir ser atendida. “Agora exigiram que os beneficiários do Crédito do Povo atualizem os dados, mas só recebe atendimento quem chegar cedo. Essa greve está prejudicando muita gente”, reclamou.

Roraima possui 35 agências bancárias espalhadas na Capital e municípios do interior. A greve tem mobilizado todos os 600 bancários. As principais pautas de reivindicações envolvem o reajuste de 14,78%, mais contratações, fim do assédio moral e das metas abusivas.

BANCÁRIOS – O presidente do Sindicato dos Bancários de Roraima (Sintraf-RR), Adauto Andrade, negou que a categoria esteja descumprindo com a manutenção dos 30% dos serviços. “Não está ocorrendo essa questão, não iríamos contra a lei nunca. Os bancos continuam realizando os serviços conforme determina a lei”, afirmou.

Questionado sobre o andamento das negociações entre o Comando Nacional e Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), ele informou que uma proposta inicial foi rejeitada pela categoria. “Foi-nos enviada uma proposta de 7% de reajuste salarial, menos da metade do que exigimos. Os bancos continuam lucrando de forma absurda, por isso não temos data marcada para voltarmos à negociação e a greve segue por tempo indeterminado”, frisou. (L.G.C)