Cultura

Escritor indígena de Roraima debate cinema e literatura em São Paulo

O escritor Cristino Wapichana será um dos representantes da literatura indígena no Mekukradjá – Círculo de Saberes de Escritores e Realizadores Indígenas. O encontro reúne escritores e realizadores indígenas durante três dias no Itaú Cultural.

Entre rodas de debates, literatura, apresentações tradicionais e exibições de filmes, de 28 a 30 de setembro (quarta-feira a sexta-feira), artistas estarão representando 11 etnias de 11 estados brasileiros.

Cristino Wapichana irá fazer parte da curadoria junto com os escritores Daniel Munduruku e Cristina Flória, da antropóloga e documentarista Junia Torres e do cineasta Andrea Tonacci.

Todos os participantes das diferentes etnias estão entre os mais representativos do movimento de literatura e cinema indígenas.

Daniel Muduruku e Cristino Wapichana são representantes do Instituto UKA – Casa dos Saberes Ancestrais.

Para Cristino, o evento é uma forma de integrar as artes indígenas. “É uma tentativa de aproximarmos estas artes que hoje estão em evidência, mas andam paralelas. A literatura tem muito a ver com o cinema, e hoje um cinema indígena voltado para documentários não exige os aparatos e conhecimentos que o cinema ficcional necessita. Somos criativos e manuseamos o que nos ensinaram, no entanto, ficamos limitados com apenas uma câmera na mão e uma ideia na cabeça. O cinema é completo, e, além de exigir muitos equipamentos, é que importantíssimo conhecer todas as áreas de produções usadas no cinema”, contou.

Além do cinema e da literatura, os temas perpassam a atualidade de comunicação e a transmissão da história dessas diferentes etnias inseridas no mundo globalizado por meio da escrita e da imagem, o que move a sua produção nessas áreas, as contribuições literária e audiovisual femininas, os processos criativos e as políticas culturais.

A proposta é dar visibilidade a políticas públicas voltadas para a classe de artistas indígenas.

“Não existe incentivo público para artistas indígenas. Na maioria das vezes, os escritores publicam por editoras privadas e investimentos do próprio bolso. Como realizadores, sempre faremos acontecer. Hoje sou, talvez, o autor indígena de Roraima mais conhecido e reconhecido dentro e fora do País”, disse.

Cristino se prepara para lançar seu quarto livro, previsto para ser lançado no final de setembro, pela Editora ZIT.

‘A Boca da Noite’ é texto premiado pela FNLIJ em 2014 e ilustrado por Graça Lima. “No entanto, para lançar em Roraima, não tenho conseguido apoio algum, a não ser o espaço em uma livraria local, a qual, assim como nós, sobrevive por acreditar em um país leitor”, finalizou.

Itaú Cultural

O encontro será realizado de 28 a 30 de setembro (quarta-feira a sexta-feira) na Sala Itaú Cultural em São Paulo.

Cristino Wapichana

Cristino nasceu em Boa Vista, é compositor premiado, escritor, pesquisador e profere palestras sobre temas indígenas. Atualmente mora no Rio de Janeiro. Em 2006 foi premiado no Femucic (Festival de Música da Cidade Canção). Já atuou como professor da Escola de Música de Roraima, coordenou o projeto Canto Indígena de revitalização e resgate cultural wapichana, além do grupo musical Makunaima.