Cotidiano

Funcionário de funerária denuncia ação ilegal na disputa por mortos no trânsito

Conforme denunciante, agente funerário estaria usando radiocomunicador na frequência da PM e se passando por repórter

Um agente funerário, que preferiu não se identificar, procurou a Folha para denunciar que um profissional da mesma área está se passando por repórter para uma empresa funerária para chegar primeiro aos locais onde ocorrem mortes e, desta forma, desrespeitando o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), firmado este ano entre o Ministério Público do Estado (MPRR) e os próprios agentes funerários. Neste acordo, ficou estabelecido que os agentes obedeceriam uma escala de plantão no Instituto Médico Legal (IML) e no Hospital Geral de Roraima (HGR), o que não estaria sendo respeitado pela empresa.

Com um radiocomunicador na frequência da Polícia Militar, o agente funerário denunciado estaria chegando primeiro ao local dos óbitos. Segundo o denunciante, ele também estaria se passando por repórter na hora da abordagem aos familiares do morto para depois oferecer o serviço funerário.

“Ele não respeita o TAC, nem a escala de plantão e se passa como membro da imprensa para pegar a confiança da família do morto. Depois, ele aproveita e acerta o preço dos serviços funerários, cobrando muito abaixo do valor de mercado. O cara ainda ganha com a liberação do DPVAT, em caso de morte no trânsito. Ele não é da imprensa e está desrespeitando o Ministério Público”, reclamou o agente, que pede providência.

Desde que a empresa denunciada desrespeita o TAC, ainda segundo o denunciante, as demais começaram a ter prejuízo. Cada uma atendia a uma média de 30 mortes por mês, o que rendia de R$ 25 mil a R$ 28 mil.

Na Capital, são oito agências funerárias e mais três no interior do Estado. Todas têm alvará da Vigilância Sanitária e autorização municipal, mas, conforme o denunciante, algumas estariam operando na clandestinidade.

O serviço oferecido pela empresa denunciada está muito abaixo do valor de mercado. Um velório simples, por exemplo, não sai por menos de R$ 900,00, mas a empresa estaria cobrando R$ 500,00. Por outro lado, a agência estaria vendendo um serviço casado, o que é proibido por lei, ganhando uma comissão de R$ 700,00 em cima do seguro DPVAT, que é de R$ 13.500,00 para a família de quem morre em acidente de trânsito.

O vice-presidente do Sindicato das Empresas Funerárias do Estado de Roraima (Sindferr), Elias Morais, disse ontem que, a partir da publicação da reportagem, iria hoje ao Ministério Público formalizar a denúncia. Ele disse que já estava sabendo do desrespeito da agência denunciada.

“Inclusive, na quarta-feira passada, o agentes desta empresa abordou a família do morto no local do acidente de trânsito. Ele novamente se passou por repórter, usando um radiocomunicador da PM. Isso não pode. Não compactuamos com isso. Vamos denunciar ao MP”, avisou.

OUTRO LADO – A Folha não citou o nome do agente funerário nem a empresa dele porque não conseguiu falar com os envolvidos. (AJ)