Cotidiano

Pacientes denunciam atendimento caótico

Faltam aparelhos de medir pressão e de nebulização, as balanças para pesar crianças estão quebradas e há constantes adiamentos de consultas

Pacientes denunciam o péssimo atendimento, a falta de equipamentos e de profissionais nos postos de saúde de Boa Vista. Ontem à tarde, a equipe de reportagem da Folha percorreu quatro unidades de saúde em diferentes zonas da Cidade e constatou inúmeros problemas. No bairro 13 de Setembro, zona Sul, por exemplo, o posto de saúde acabou de ser reformado, mas o atendimento continua precário.
A dona de casa Márcia Benardo, de 23 anos, grávida de seis meses, lamentou que há três tenta e não consegue atendimento. Na frente do posto, ontem à tarde, a paciente esperava mais uma vez alguém providenciar o seu cartão de gestante. “Desde os três meses de gravidez que tento fazer meu cartão para iniciar o pré-natal, mas não consigo ser atendida. Eles só dizem que não há mais vaga. Meu medo é que o atraso nos exames prejudique meu bebê”. A dona de casa, que mora na rua Quelson, no bairro 13 de Setembro, espera ser atendida ainda esta semana.
A paciente Rosângela Marinho, de 37 anos, também aguardava atendimento, ontem à tarde, ao lado de fora do posto. A reclamação era a mesma. “Eles só dizem que não há vaga”, afirmou.
No setor de triagem do posto, as consultas foram suspensas há mais de duas semanas, segundo servidores, porque a balança de pesagem das crianças está quebrada. No consultório odontológico, pacientes não realizam consulta porque a cadeira do dentista também está quebrada.
Ainda no posto, os pacientes denunciam que não há aparelho de medir pressão, nem a borracha do aparelho de nebulização. “É um absurdo! Não funciona nada aqui. Não temos atendimento decente, que preste”, reclamou a dona de casa.
A Folha tentou falar com o diretor do posto, mas os servidores informaram que ele estava de férias e que um enfermeiro havia assumido a direção. O enfermeiro, ontem à tarde, não pôde falar com a equipe de reportagem porque estava atendendo um paciente.
CARANÃ – No posto de saúde do bairro Caranã, zona Oeste, os pacientes também reclamaram da demora no atendimento e no agendamento de consultas. A operadora de caixa Marluce Pereira, de 40 anos, já estava na unidade há mais de três horas, aguardando atendimento odontológico. “Primeiro marcaram para o dia 4 de agosto passado. Depois, remarcaram para o dia 27 de outubro. Também não fui atendida. Agora marcaram para hoje [ontem], mas já estou esperando há horas”, reclamou.
A única explicação dada à paciente pelos servidores foi que não havia água no posto, por isso o dentista não estava atendendo. “Outra vez, disseram-me que a ajudante do dentista tinha faltado, e mais uma vez voltei para casa sem atendimento. Perco uma tarde de trabalho e não consigo ser consultada, nem eu nem meus dois filhos”, disse.
Servidores informaram à Folha que o diretor não estava naquele momento e que somente ele poderia falar. Eles orientaram a equipe do jornal a procurar a Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Boa Vista.
PRIMAVERA – Situação mais complicada é a dos moradores do bairro Jardim Primavera, zona Oeste. O posto de saúde, que fica na rua das Acácias, está de portas fechadas há mais de dois meses, segundo a vizinhança. Pior é que a prefeitura sequer deu satisfação aos moradores. Na parede da frente do posto, apenas um recado.
“Isso é uma falta de respeito com a população! A prefeita disse antes das eleições que os postos iriam funcionar 24 horas. Mas olha aí a realidade: o posto foi fechado”, criticou o autônomo Elias Rodrigues, 52 anos, morador próximo à unidade básica de saúde.
PINTOLÂNDIA – No bairro Pintolândia, zona Oeste, na avenida N-11, o posto de saúde está em péssimas condições. A poeira toma conta do local. As cadeiras da recepção estão quebradas e o bebedouro, além de não funcionar, fica ao lado da lixeira, o que acaba colocando em risco a saúde da população.
VEREADOR – O caos na saúde básica de Boa Vista já foi denunciado pelo vereador Edilberto Veras (PP). Ele visitou algumas unidades e constatou graves irregularidades.
No posto de saúde do bairro Senador Hélio Campos, zona Oeste, por exemplo, Edilberto pediu água e foi informado pelos servidores que o frigobar não poderia ser aberto, pois continha resultados de exames de tuberculose, doença contagiosa.
PREFEITURA – A Folha mandou e-mail, ontem à tarde, à Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Boa Vista, mas não houve retornou até o encerramento da matéria, às 18h.
Sobre as promessas de campanha, a equipe de reportagem também tentou contato com a prefeita Teresa Surita (PMBV), mas ela, segundo assessores, está viajando para Paris, na França. (AJ)