A queda de um raio ocorrida na tarde de quinta-feira passada, 22, no Município de Amajari, região Norte do Estado, atingiu quatro estudantes que ficaram gravemente feridos. O incidente, no entanto, não poderia ter sido previsto, pois Roraima sequer possui uma central de monitoramento sistemático de raios.
Conforme a Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh), não há divisão de meteorologia no Estado, apenas uma sala de situação financiada pela Agência Nacional de Águas (ANA), que, dentre outras coisas, realiza o monitoramento climático das regiões de Roraima.
“Quanto aos raios, eles são uma das inúmeras e intensas manifestações da natureza na busca de equilíbrio. Eles ocorrem a partir do choque de partículas de gelo no interior de nuvens de tempestade”, explicou o meteorologista da Femarh, Ramon Alves.
A falta de monitoramento, conforme ele, impede o registro sobre a quantidade ou previsão de raios que caem no Estado. “É uma busca de equilíbrio elétrico natural. Em Roraima ainda não temos um monitoramento sistemático dos raios, por isso existe essa impossibilidade de se obter esses dados”, disse.
Para o meteorologista, uma das maneiras de proteger-se dos raios é a informação sobre o fenômeno climático. “Através de uma boa informação e conscientização, pode-se evitar grandes desastres. É necessário popularizar a ciência, mas Roraima vai em sentido contrário a esse tipo de educação”, analisou.
A cada 50 mortes por raios no mundo, uma é no Brasil. O País, campeão em incidência do fenômeno, teve quase 1.500 vítimas fatais de raios nos últimos 12 anos e prejuízos anuais da ordem de um bilhão de reais por ano. “E devido à proximidade com a linha do Equador, o Norte do País é umas das regiões onde tem maiores incidências, portanto, o monitoramento sistemático dos raios com certeza seria importante para nosso estado para se buscar informações para educar a população e evitar acidentes com raios”, frisou Alves.
O Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) recomenda cinco mandamentos a serem seguidos durante uma tempestade:
-Não praticar atividades de agropecuária ao ar livre (circunstância que mais mata pessoas no Brasil);
-Não ficar próximo a carros e outros veículos ou andando em motos e bicicletas;
-Não ficar em campo aberto, como praias, campos de futebol ou embaixo de árvores e perto de cercas;
-Não ficar perto de objetos que conduzam eletricidade (como telefone com fio ou celular conectado ao carregador) e objetos metálicos grandes;
-Não ficar em um abrigo aberto, como em sacada, varanda, toldo, deque, etc.
A opção mais segura de abrigo é buscar um veículo fechado como abrigo e ficar dentro dele, com as portas e janelas fechadas, sem encostar-se à lataria até a tempestade passar. Até hoje não há registro de mortes dentro de veículos no País. (L.G.C)