O enterro do corpo do diretor de imagem e skatista Ewerton Souza, de 40 anos, conhecido como Tom, vítima de acidente de trânsito, foi cercado pelo sentimento de despedida e muita emoção. Centenas de pessoas, entre amigos e familiares, acompanharam o sepultamento e puderam dar o adeus na tarde de ontem, 27, no Cemitério Campo da Saudade, no bairro Centenário, zona Oeste.
Cerca de 70 skatistas que estavam acompanhando o cortejo fizeram uma manifestação silenciosa contra a violência no trânsito e seguiram de skate até o cemitério. O cortejo saiu da Igreja São Sebastião, no Centro, no início da tarde, e seguiu pela Praça do Centro Cívico, passando pelas avenidas Ville Roy, Venezuela, Brasil e Centenário, onde fica o local do enterro.
Na chegado ao cemitério, o caixão foi recebido com aplausos e gritos de “obrigado”, “o melhor” e “vai fazer falta”. Os presentes também rezaram o “Pai Nosso” e cantaram músicas em homenagem a Tom.
O skatista e presidente do Centro de Desenvolvimento e Promoção Cultural Plugadão, Luciano Pinheiro, disse que o sentimento é de perda. “O Tom foi um cara que somava e que sempre esteve ligado às ações culturais e esportivas do Estado, sendo um dos idealizadores do ‘Go Ladeira’, que é um projeto que acontece todos os anos aqui na cidade. Com certeza ele vai ficar na memória de todos os skatistas de Boa Vista”, relatou, emocionado.
“Eu o conheço desde quando comecei a andar de skate, em 2002. O Tom sempre foi uma referência do esporte para todos nós e sempre participou da organização da maioria dos eventos daqui. Ele tinha uma ideologia diferenciada porque sentia o esporte com a alma. Mas essa tragédia aconteceu e a gente fica muito triste porque ninguém esperava passar por esta situação”, comentou, aos prantos, o skatista e amigo Paulo Arcanjo.
Segundo ele, Tom era um homem trabalhador, profissional e um pai exemplar. “Ele é da primeira geração do skate aqui e foi um dos primeiros a fazer filmagens e a editar vídeos dos skatistas. Sempre levava os filhos para andar junto com ele e os amigos. Lutava pela união do pessoal, sempre dizia que o esporte é uma causa maior do que qualquer competição, e falava para nós que era preciso descobrir a essência do skate”, frisou Arcanjo.
Ele disse ainda que viu Tom pela última vez na sexta-feira, 23, três dias antes do acidente que tirou a vida do amigo. “Eu o encontrei em uma loja de um amigo nosso. O Tom já chegou alegre e brincando comigo porque eu tinha cortado o cabelo. Conversamos um pouco e ele falou sobre a família, projetos e sobre alguns planos para o futuro. Disse que queria comprar uma moto. Nunca quis prejudicar ninguém e sempre quis ajudar na evolução do esporte local”, comentou.
O CASO – Ewertom Souza morreu após ser atropelado por uma carreta na manhã de segunda-feira, 26, quando atravessava uma faixa de pedestre em frente à Catedral Cristo Redentor, na Praça do Centro Cívico, a caminho do trabalho, na Assembleia Legislativa.
Ao ser esmagado da cintura para baixo pelas rodas da carreta, ele chegou a ser submetido à cirurgia no Hospital Geral de Roraima (HGR), mas não resistiu aos graves ferimentos. Ele deixou dois filhos e uma esposa. (B.B)