Cotidiano

A partir de 2017, portadores de HIV terão novo antirretroviral pelo SUS

Novo medicamento é o Dolutegravir, um inibidor de uma proteína do vírus, que vai reduzir a quantidade do HIV e mantê-lo a um nível baixo

O Ministério da Saúde anunciou, na quarta-feira, 28, que em 2017 vai ofertar o antirretroviral Dolutegravir para cerca de 100 mil pacientes que vivem com HIV no Brasil. Em Roraima, conforme a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), 1.540 mil pessoas fazem tratamento contra o vírus atualmente.

Nos últimos dois anos, houve 58 mortes no Estado por conta da doença, sendo 44 só em Boa Vista, 75% do total. No mesmo período, o Município de Rorainópolis, no Sul do Estado, registrou 5 mortes. Em Pacaraima (na fronteira com a Venezuela, Norte do Estado), Caracaraí (Centro-Sul) e Mucajaí (Centro-Oeste), houve dois casos de morte em cada um dos municípios. Já em Normandia (Leste), São Luiz (Sul) e Uiramutã (Nordeste) foi registrada apenas uma morte em cada cidade.

Segundo a Sesau, 160 pacientes estão há quatro meses sem pegar medicações. “Nesses casos, a gente considera como abandono do tratamento”, disse a médica infectologista e diretora clinica do Serviço de Assistência Especializada (Sae) da Sesau, Cassandra Mangabeira.

TRATAMENTO – O Dolutegravir será ofertado no Sistema Único de Saúde (SUS) a todos os pacientes que estão começando o tratamento e também aos que apresentam resistência a antirretrovirais mais antigos. Atualmente, o esquema de tratamento das pessoas que vivem com HIV, na fase inicial, é composto pelos medicamentos Tenofovir, Lamivudina e Efavirenz, conhecido como 3 em 1.

Contudo, muitos pacientes reclamam da utilização do Efavirenz porque geralmente causa sonolência, tontura e às vezes perturbações do sono. “Por isso resolveram tirá-lo para associar o Dolutegravir, que é um medicamento inibidor de uma proteína do vírus, reduzindo a quantidade do HIV e mantendo um nível baixo. A introdução do medicamento é positiva porque vai melhorar a expectativa e a qualidade de vida dos pacientes”, comentou Cassandra.

Ela disse que atualmente a terapia antirretroviral é um meio prático que as pessoas têm para combater a doença. “Hoje em dia, o tratamento disponibiliza medicamentos como este, o 3 em 1, que melhora muito a vida dos pacientes porque é preciso tomar apenas um comprimido por dia”, explicou, destacando que há algum tempo, quando as pessoas descobriam que eram portadores do HIV, a quantidade de medicamentos era muito maior, sendo preciso tomar de 20 até 40 comprimidos diariamente.

A terapia atual não só trás mais qualidade de vida ao paciente como também aumenta a sobrevida dele, além de diminuir a transmissão do vírus. “A gente fica preocupada porque existem muitas pessoas que, quando descobrem que são portadoras do HIV, por medo ou por discriminação, não procuram imediatamente o atendimento médico, deixando para buscar acompanhamento depois, o que acaba sendo prejudicial para a saúde dessa pessoa. É importante dizer que, quanto mais cedo iniciar a terapia antirretroviral, maior será a expectativa de vida”, complementou Cassandra. (B.B)