A votação nos maiores colégios eleitorais da Capital, que ficam na 5ª Zona Eleitoral, foi marcada por denúncias de boca de urna, transporte ilegal de eleitores, confusões generalizadas com correligionários de candidatos, filas, acúmulo de lixo e mau cheiro em algumas seções eleitorais. A Folha percorreu as seções eleitorais nas escolas América Sarmento, Sônia de Brito, Olavo Brasil, Severino Cavalcanti, Antônio Natalino, Vanda Silva Pinto, Ulysses Guimarães, Pedro Elias e Elza Breves. Uma confusão generalizada, provocada pelo acúmulo de lixo em frente a uma das seções, marcou as primeiras horas de votação no maior colégio eleitoral de Roraima, a Escola Estadual América Sarmento, no bairro Sílvio Botelho, zona Oeste, que concentrou cerca de cinco mil eleitores.
Eleitores ficaram inconformados por conta do mau cheiro vindo de sacolas de lixo que estavam acumuladas próximas a uma das seções. Um eleitor chegou a discutir com um juiz eleitoral que visitava o local, proferindo palavras de baixo calão contra o magistrado, que, por sua vez, ameaçou-o de prisão. As seções eleitorais estavam com grande quantidade de filas por conta da dificuldade de alguns eleitores com a votação biométrica.
Devido à grande concentração de eleitores dentro das seções eleitorais no colégio, a Polícia Federal foi chamada e retirou centenas de pessoas que já haviam votado e insistiam em permanecer no local.
Na Escola Sônia de Brito, no Senador Hélio Campos, um candidato a vereador foi expulso do local por eleitores. Todos os locais de votação estavam repletos de lixo, resultado da campanha eleitoral irregular praticada por alguns candidatos na véspera das eleições, que cobrem o chão com santinhos.
CONFUSÃO COM SECRETÁRIOS – As confusões e tumultos na Escola América Sarmento continuaram pela parte da tarde. O secretário de Administração do Governo de Roraima, Frederico Linhares, foi retirado à força de uma seção eleitoral no local.
Segundo testemunhas, ele estava na porta de uma seção lendo os nomes dos votantes, usando uma camisa na cor azul, bordada com o número de um candidato ao pleito, quando a polícia foi chamada e pediu para ele sair.
“O policial mandou ele sair da seção e ele falou que não sairia, pois não estava fazendo nada de errado e eles o retiraram a tapas. Todo mundo ficou espantado e foi ridículo. Agora, realmente a abordagem do policial não achei adequada, pois os policiais foram grossos”, disse uma testemunha.
À Folha, o secretário deu a sua versão do ocorrido. “Antes do almoço estava andando em algumas seções e quando parei na Escola América Sarmento cumprimentei algumas pessoas, militantes dos outros candidatos e fui abordado por policiais militares do Giro, sendo expulso a pontapés e empurrões da escola”, disse.
Ele afirmou que irá registrar uma denúncia contra os policiais. “Expulsaram-me somente por estar com a camisa azul bordada com número 11. É importante lembrar que a manifestação individual e silenciosa do eleitor é absolutamente livre. O que não pode é pedir voto e entregar santinho. Vou tomar as providências necessárias e registrar denúncia na Corregedoria da Policia Militar. Sou cidadão como outro qualquer e nenhum ser humano merece tratamento como esse”, afirmou.
Mais tarde, um pouco antes do fim da votação, o adjunto da Secretaria de Articulação Municipal, José Terceiro, causou mais tumulto na Escola América Sarmento, confrontando policiais militares que prestavam serviço no local de votação. Visivelmente alterado, ele chegou a discutir com o secretário municipal de Segurança Urbana e Trânsito, Raimundo Barros, que ameaçou dar-lhe voz de prisão.
Presidente do TRE avalia eleições como tranquilas na Capital e no interior
O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) avaliou o decorrer das eleições de 2016 como tranquilo tanto na Capital e como no interior. Conforme ele, a segurança foi o ponto forte das eleições. “Essa questão da segurança funcionou do jeito que queríamos, com barreiras da Polícia Rodoviária Federal em todas as estradas, a Polícia Militar e Polícia Civil em todos os municípios e a Polícia Federal fazendo as apreensões necessárias”, destacou.
Campello afirmou que houve uma diminuição significativa de crimes eleitorais em comparação a eleições anteriores. “Os candidatos começaram a compreender todo o processo eleitoral e a entender que esse é o dia do eleitor. Houve uma diferença grande em relação à eleição anterior, onde víamos pessoas andando e distribuindo materiais de campanha. Nessa, quase não havia ‘santinhos’ de candidatos nas portas das seções”, frisou.
Ele anunciou que para as próximas eleições 92% do eleitorado de Roraima terão cobertura da votação biométrica. “Roraima melhorou muito no processo eleitoral, os eleitores e os próprios candidatos. Anunciamos que, após o término das eleições, iremos fazer a biometria em Pacaraima e Amajari. Vamos entregar a administração quase 92% dos eleitores do Estado com a biometria. Com isso não teremos mais mortos votando, nem pessoas votando duas vezes”, ressaltou. (L.G.C)