Cotidiano

Empréstimos e cartões de lojas são as principais causas de inadimplência

Estudo realizado pelo Serviço de Proteção ao Crédito apontou que dívidas bancárias seguem “sujando” o nome dos consumidores

A realização de empréstimos e as compras efetuadas com cartões de lojas no comércio varejista são as principais causas de inadimplência nas capitais brasileiras. A pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) apontou que as dívidas bancárias seguem “sujando” o nome de consumidores.

Segundo o levantamento feito com consumidores no País, 76,1% dos entrevistados, ou sete em cada dez pessoas que contrataram algum tipo de empréstimo acabaram se tornando inadimplentes porque não pagaram as parcelas em dia. Ainda de acordo com a pesquisa, as compras feitas no cartão de lojas aparecem em segundo lugar como causa de inadimplência entre brasileiros, com uma parcela de 73,1% dos usuários com nome “sujo” no cadastro dos devedores.

O economista Raimundo Keler atribuiu os índices negativos às altas taxas de juros dos cartões. “No caso dos cartões de crédito, os juros chegaram a nível recorde de 475% ao ano, o mais alto do mundo. Quem cai numa dívida com um número desses, não tem como pagar, o que faz com que o consumidor fique inadimplente”, afirmou.

Conforme ele, muitos consumidores acabaram optando por abrir mão do cartão. “Uma coisa interessante é que isso tudo mudou o perfil do consumidor. Boa parte entrou na inadimplência e não quer mais saber de cartão. Eu diria que essas pessoas ficaram retraídas quanto ao uso”, disse.

O economista explicou que os gastos com cartão de crédito não devem ultrapassar o limite de 30% do orçamento mensal. “Quem não sabe usar o cartão, entra na inadimplência. A pessoa tem que evitar compras que afetem orçamento, tem que ter cuidado para não gastar acima de um teto de 30%, evitar compras que incidam juros, como compras em parcelas e evitar realizar o pagamento mínimo, pois é como enxugar gelo”, frisou.

Em relação aos empréstimos, Keler aconselhou a pedi-los apenas em último caso, quando não houver mais alternativas. “Se for empréstimo consignado, a taxa média é baixa no mercado, agora, se for aquele empréstimo direto ao consumidor, as taxas são bastante altas”, disse.

Uma das formas de sair da inadimplência, segundo o economista, é a negociação das dívidas. “A pessoa endividada tem que negociar com a administradora do cartão, expor a dívida e parcelar de forma que não tenha juros e caiba no orçamento, sem ferir aquele teto de 30%. O mesmo deve ser feito sobre os empréstimos”, pontuou.

INADIMPLÊNCIA – Em comparação com anos anteriores, os dados de inadimplência permaneceram estáveis em relação ao ano passado, quando 74,5% se tornaram inadimplentes por empréstimos e 74,6%, por cartões de loja. Porém os dados deste ano apresentaram alta na comparação com 2014, período em que a crise econômica ainda não havia atingido o seu auge.

De acordo com o levantamento do SPC Brasil, os pagamentos atrasados no crediário ou carnê (62,5%), as parcelas pendentes no cartão de crédito (62,1%) e o cheque especial (46,9%) vêm em seguida como as modalidades de crédito que mais levaram os entrevistados ao calote.

Essas duas últimas modalidades mostraram queda significativa frente a 2015, quando as porcentagens haviam sido de 73,6% para o cartão de crédito e de 67,8% para o cheque especial. (L.G.C)