Política

Discussão do plano diretor é prioridade, diz vereador eleito Linoberg Almeida

Eleito um dos 16 novos vereadores da Câmara Municipal de Boa Vista, Linoberg Almeida (Rede Sustentabilidade) acredita que a quantidade de novos parlamentares representa uma excelente renovação. Mais do que números, ele – que é professor universitário e sociólogo – espera uma mudança qualitativa. “Que bom que renovou! Mas qual o histórico das pessoas que entraram? De onde saíram? Quais são os grupos políticos que as apoiam? Será que não é só uma troca de fotografia no álbum ou é uma troca de verdade?”, questionou em entrevista ao programa Agenda Parlamentar de sábado, na Rádio Folha AM 1020.

“Isso só vai ser respondido com a participação diária da população, que tem que estar lá cobrando o dia inteiro se aquele vereador está se distanciando ou cumprindo o que prometeu durante o período eleitoral. Setenta e seis por cento é uma renovação excelente. A quantidade é boa, mas a qualidade vai depender da cobrança do cidadão. Só se faz uma Câmara diferente se houver uma prática diária diferente do que há hoje. Se o eleitor insistir no “toma lá, dá cá”, na relação de mendicância, o jogo nunca vai mudar”, analisou.

Disputando uma eleição pela primeira vez, Linoberg Almeida obteve 1.649 votos e, agora eleito, pretende levar para o Legislativo municipal o processo que já trabalha dentro da Universidade Federal de Roraima (UFRR).

“Eu poderia ficar dentro da universidade reclamando de tudo isso. O que eu fiz foi me reunir com um grupo de pessoas e dizer: – Em vez de a gente ficar explicando para os outros, que tal a gente ir ao primeiro degrau da representação política, que é o vereador, e tentar fazer alguma coisa diferente, dar uma contribuição de primeiro passo?”, comentou.

Para o vereador eleito, o carro-chefe no primeiro momento será o plano diretor da cidade. “Tem vários assuntos que foram pouco citados durante o período eleitoral e que, para mim, são assuntos prioritários. O plano diretor é um desses temas. Nós temos uma cidade campeã em violência contra a mulher e a gente não falou em ideias que reduzam esses índices. A gente não falou sobre suicídio, sobre os núcleos de assistência psicossocial. Falamos muito sobre vale, bolsa e coisas do tipo”, afirmou, ressaltando que pouco se tratou sobre política pública de assistência social.

O plano diretor é, segundo Almeida, um documento que cria uma meta, uma rota para o crescimento da cidade ou dos assuntos que vão ser trabalhados pela gestão municipal. “Às vezes eu tenho a sensação de que a gente escolhe quem vai ocupar a gestão muito mais pela propaganda do que por aquilo que está planejado para os próximos 20 anos. Por mais que eu entenda que a prefeita [Teresa Surita] tenha dito que estava preparando a cidade para daqui a 20 anos, a cidade é parceira desse processo de preparação?”, questionou.

O vereador eleito disse ainda que quando se decide onde vai ser construída uma praça ou um posto de saúde, esses locais ‘precisam conversar com as pessoas’. “As pessoas precisam pensar que quando a gente enxerga uma praça num bairro, essa praça tem que conversar com as pessoas. Não é só um equipamento com bancos, balanço, árvore, calçada. Mas existem atividades lúdicas, brincadeiras culturais, arte, esportes, segurança pública que devem ser integradas para que as pessoas vivam a praça de verdade. E quem diz isso é o plano diretor, documento que dura 10 anos. Ele está vencendo daqui a alguns dias e esse diálogo para renovar o plano diretor deve acontecer meses e anos antes de ele vencer”, assegurou.

POSIÇÃO – Eleito pela coligação Coragem para Mudar Boa Vista, composta pela Rede Sustentabilidade, PDT e PHS, Linoberg Almeida disse que ainda não teve uma conversa longa com a vereadora reeleita Mirian Reis (PHS) para discutir a posição da coligação em relação à Prefeitura de Boa Vista.

“Já tivemos algumas conversas com parlamentares que são dessa legislatura, com vereadores eleitos para a próxima e tivemos contato com assessores da prefeita reeleita. Quem acompanhou nossa campanha sabe que não temos a cara da oposição ou da situação. O nosso papel é convidar as pessoas a saberem que o que está certo merece ser valorizado, e o que está errado deve ser questionado de uma maneira respeitosa”, concluiu. (V.V)