O clima esquentou na manhã dessa terça-feira, 11, na Assembleia Legislativa do Estado (ALE). Centenas de servidores públicos do Estado lotaram o Plenário da Casa para manifestarem-se contra o parcelamento dos salários anunciado pelo Governo do Estado e para cobrar dos parlamentares maior fiscalização nas contas públicas.
O protesto reuniu várias classes de servidores públicos, entre enfermeiros, médicos, farmacêuticos, policiais civis e agentes penitenciários, além de trabalhadores de empresas terceirizadas da área da saúde. A sessão começou com quórum mínimo e tumulto por parte dos servidores, que pediam a presença dos deputados.
Dos parlamentares da situação, apenas os deputados Brito Bezerra (PP) e Flamarion Portela (sem partido) estavam presentes. A sessão iniciou com a fala do deputado Izaias Maia (PT do B), que criticou o parcelamento dos salários e pediu união dos servidores públicos nesse momento. “O governo tem que esclarecer o real motivo desse parcelamento, porque essa decisão não tem explicação”, disse.
Sob vaias, o deputado Flamarion Portela, em discurso, afirmou que o Estado deve mais de R$ 1,8 bilhão e que a governadora Suely Campos (PP) não parcela salários por querer, mas por não ter dinheiro para pagar os servidores. “Essa dívida, que é decorrente de empréstimos do governo anterior, custa mensalmente ao Estado R$ 23 milhões”, afirmou.
Ao pedir que os servidores “refletissem” sobre o parcelamento dos salários, o parlamentar foi hostilizado pelos manifestantes, que viraram as costas enquanto o deputado discursava no Plenário.
O presidente interino da ALE, coronel Gerson Chagas (PRTB), para conter os ânimos, pediu respeito aos visitantes, mas tomou vaia quando afirmou que iria mandar retirar os servidores da galeria. Chagas, que comandava os trabalhos, expôs a regra do regimento da Casa aos servidores que estavam na galeria; “Se não concordarem, fiquem calados! Se concordarem, aplaudam! Não podem vaiar”.
Após ameaçar mandar retirar os manifestantes, o clima se acalmou e a sessão pôde continuar, tendo os parlamentares da oposição tomado a iniciativa de criticar o parcelamento salarial feito pelo governo.
Também sob vaias, o líder do governo, deputado Brito Bezerra (PP), afirmou que o parcelamento não era a vontade da administração estadual. “Os ajustes precisavam ter sido feito bem antes e de forma urgente. A Assembleia tem orçamento alto e nós temos procuradores do Estado fazendo viagens com recursos do orçamento que poderiam pagar os servidores. Esses órgãos também têm que abrir mão de parte dos recursos.
Todos os orçamentos de todos os poderes são vultosos. Vamos todos economizar. Vamos parar de politicagem”, disse.
À Folha, o presidente em exercício do Sindicato dos Trabalhadores Efetivados do Poder Executivo de Roraima (Sintraima) falou em situação crítica por conta do parcelamento dos salários dos servidores. “Viemos ouvir os deputados e pedir que cheguem a um denominador comum para resolver a situação dos servidores”, disse.
Conforme ele, os servidores devem se reunir, nos próximos dias, para discutir um indicativo de greve caso os pagamentos não sejam normalizados. “O servidor é contra o parcelamento porque, além do salário ser baixo e não atender às nossas necessidades, com esse parcelamento não vai atender mais ainda. A greve é uma questão que será decidida pelo servidor em assembleia”, frisou.
GOVERNO – A Folha pediu posicionamento do Governo do Estado sobre a manifestação dos servidores na Assembleia Legislativa, mas, até o fechamento desta matéria, às 18h30 de ontem, não obteve retorno. (L.G.C)