Representantes das classes da Saúde e de parte da Segurança Pública de Roraima sinalizaram um indicativo de greve em protesto realizado na manhã de ontem, no Plenário da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR). Os servidores público se uniram na “Operação Cumpra-se a Lei” e pedem o pagamento integral dos salários.
O protesto reuniu enfermeiros, médicos, farmacêuticos, policiais civis e agentes penitenciários, além de trabalhadores de empresas terceirizadas da área da Saúde, que devem realizar assembleias entre as respectivas categorias nos próximos dias para discutirem a possibilidade de paralisação por tempo indeterminado.
O Sindicato dos Médicos de Roraima (Simed-RR) ameaçou paralisar as atividades a partir da próxima segunda-feira, 17. De acordo com o presidente do Sindicato, Samir Xaud, a categoria irá se reunir em assembleia extraordinária para debater sobre a atual situação dos médicos.
Segundo ele, a medida acontece por conta dos constantes atrasos nos pagamentos dos profissionais.
“Queremos reunir para conversar sobre uma possível paralisação. Ao todo, são 260 médicos concursados que podem parar. Após o debate e a decisão tomada, vamos procurar o governo do Estado para negociar. O objetivo é aumentar o diálogo da classe com o poder público”, frisou. A Assembleia irá ocorrer na segunda-feira, 17, às 19 horas, na sede do sindicato, localizada na Avenida Ville Roy, 4153, bairro Canarinho, ao lado do Conselho Regional de Medicina, zona Leste.
Já o presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Roraima (Sinpol), José Nilton, afirmou que o parcelamento dos salários foi o estopim para a revolta dos servidores. “Há anos reivindicamos melhorias nas condições de trabalho. Temos viaturas sem celas para transporte dos presos, alguns que possuem doenças contagiosas e são transportados sem segurança, no mesmo espaço que os agentes”, disse.
Nilton criticou também a falta de estrutura nas delegacias. “Temos problemas de estrutura física nas unidades da polícia civil, na Capital e no interior. No IML os auxiliares de necropsia buscam os cadáveres em qualquer lugar e não recebem diária, fora as viaturas que não possuem as mínimas condições”, reclamou.
Da classe, cerca de 850 policiais civis devem paralisar. “Muitos policiais não têm dinheiro nem para colocar combustível no carro para trabalho. A situação é crítica e esse parcelamento foi a gota d’água. O Estado tem que ter um planejamento para que possa sanar as contas e fazer cumprir a lei”, frisou.
O presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários de Roraima (Sindape-RR), Lindomar Sobrinho, pediu que seja feita uma reforma administrativa no Governo. “Além da questão do parcelamento, que nos decepcionou com o Governo, temos questões peculiares de cada categoria. O Estado tem que abrir as portas para atender aos nossos anseios, porque é inadmissível que o servidor pague pela má gestão”, criticou.
O presidente do Sindicato dos Profissionais em Enfermagem de Roraima (Sindiprer), Melquisedeque Menezes, citou a falta de compromisso do Governo com os servidores públicos. “Nós paramos durante 12 dias, no mês passado, para mostrar a realidade do Estado, que a saúde estava um caos. Viemos mostrar nossa insatisfação porque avisamos que isso iria acontecer”, disse.
Segundo o presidente do Sindicato dos Farmacêuticos de Roraima (Sindfarr), Carlos Alberto Gomes, o governo tem que rever o gerenciamento dos recursos. “Todo profissional é contra esse parcelamento. As pessoas trabalham e têm o direito de receber integralmente. Por que os funcionários públicos são os primeiros a serem penalizados quando há má gestão?”, questionou.
GOVERNO – A Folha entrou em contato com o Governo do Estado para pedir um posicionamento sobre o indicativo de greve dos servidores, mas, até o fechamento desta matéria, às 19h de ontem, não obteve retorno. (L.G.C)