Cotidiano

Em busca de informações, parentes de detentos choram em frente ao IML

O dia também foi tenso em frente ao Instituto Médico Legal (IML), no bairro Liberdade, zona Oeste. Parentes de detentos lotaram a recepção do órgão em busca de informações sobre os mortos na Penitenciária Agrícola, mas os servidores apenas informavam que não poderiam falar nada e que a direção do órgão iria se pronunciar somente ao final dos trabalhos.

“Isso é um desrespeito com a gente. Só quero confirmar que meu marido não está aí. Nada me falam na penitenciária nem aqui. Só quero que me digam se ele está vivo ou não”, cobrava a mulher de um detento.

Denize Gerlane de Morais Gomes, de 35 anos, apenas aguardava a liberação do corpo do marido, Lucas Silva Santos, de 36 anos, morto durante a guerra das facções criminosas dentro da Penitenciária. “Meu marido morreu todo furado e depois queimaram o corpo dele. Quanta crueldade, Deus”, lamentou a mulher, aos prantos.

O marido de Denize cumpria pena por roubo (artigo 157), o popular assalto, e seria integrante do Comando Vermelho. A Folha não confirmou esta informação. Denize avisou que vai processar o Estado porque, segundo ela, o governo é responsável pela segurança dos presos.

TUMULTO – No final da tarde, agentes funerários se desentenderam na frente do IML. Alguns não estariam cumprindo a escala de venda de serviços. A Polícia Militar foi acionada e conteve os ânimos. Minutos depois, familiares dos mortos também discutiram com atendentes do IML.

“Estou aqui desde ontem [domingo] e o corpo do meu irmão ainda não foi liberado. Agora vocês vêm me dizer que só amanhã. Isso é um desrespeito. Ele vai ficar aí no chão. Só queremos o corpo para providenciar o enterro”, reclamou uma jovem, aos prantos.

Policiais militares chegaram a entrar na recepção, mas médicos legistas e assistentes sociais conversaram e acalmaram os ânimos dos familiares. Conforme os médicos legistas, por enquanto, apenas três corpos foram identificados com certeza. Do total de mortos, três estavam com rosto, mas o restante não poderia ser identificado. Até o começo da noite de ontem, os corpos dos detentos continuavam em sacos pretos, na calçada aos fundos do IML. (AJ)